domingo, 14 de agosto de 2011

Bruxas e Bruxaria


Elas são boas? Elas são más? Elas lançam feitiços para fazer coisas ruins acontecerem?
A verdadeira definição de uma bruxa, bem como a história das bruxas em geral é amplamente debatida. Muitos textos descrevem a bruxaria como pactos com o diabo em troca de poderes para fazer o mal e prejudicar os outros. Embora isso possa ter alguma verdade em certas seitas, para a maioria das bruxas modernas isso está muito longe de suas crenças e práticas reais.
A crença na magia e na bruxaria existe desde o início dos tempos. O homem primitivo pagava tributo aos deuses e deusas que governavam seu mundo e traziam colheitas saudáveis e invernos amenos. A ideia da magia surgiu quando as coisas não iam muito bem: ela cresceu do caos que acompanhava um clima ruim, doença ou escassez de alimentos. Quando os tempos eram difíceis, os xamãs, médicos, bruxas e outros tipos de feiticeiros lançavam feitiços e realizavam rituais para canalizar o poder dos deuses. A canalização desse poder tinha resultados mistos: as bruxas, que eram principalmente mulheres, eram originalmente vistas como sábias curandeiras que tanto poderiam cultivar quanto destruir; essa crença em seu poder levou ao medo e este forçou as bruxas a viverem como proscritas.


Magia x Mágica
Livros e outras referências sobre a bruxaria usam a palavra “magia” em vez de “mágica”. Embora essa palavra não esteja em alguns dicionários, é a aceita na Wicca (e possivelmente em outras religiões pagãs que usam mágica). Essa variação serve para diferenciar o que a bruxa faz do que um mágico faz - em outras palavras, a magia que invoca uma divindade para canalizar poder em oposição à mágica ilusionista. Neste artigo, iremos nos referir à mágica da bruxaria como “magia”.

Quando o Cristianismo consolidou-se na Idade Média, as bruxas que realizavam magia eram vistas como adoradoras do diabo que realizavam Missas Negras, enfeitiçavam as pessoas e voavam por aí em vassouras. Essa também foi a época da reforma (em inglês), que começou como uma tentativa de reformar a Igreja Católica Romana, mas resultou na criação das Igrejas Protestantes. Embora tenha ocorrido principalmente no século XVI, suas raízes remontavam ao século XIV - praticamente a época em que a  caça às bruxas começou.
As caçadas às bruxas na Europa e colônias européias começaram em torno de 1450 e durou até 1750. Como havia muitas epidemias (como a Peste Negra) e outros desastres naturais, os surtos de histeria coletiva levaram a apontar as bruxas e a bruxaria como réus.
Durante os vários julgamentos de bruxas, os acusadores geralmente usavam tortura extrema para extrair “confissões” das presumidas bruxas. Inúmeras bruxas foram executadas por enforcamento ou queimadas em público.
A bruxaria é uma religião pagã. As religiões pagãs cultuamdivindades múltiplas em vez de um único Deus. O paganismo é uma das mais antigas religiões e inclui todas as religiões que não são cristãs, muçulmanas ou judias, o que significa que o Paganismo inclui as religiões hindus, budistas, taoístas, confúcias e dos índios americanos, bem como todas as outras religiões. De acordo com o Pesquisador de Fatos Cambridge de 1998, o Paganismo representa 50 % de todas as religiões.
A palavra “pagão”, na verdade, se deriva do latim pagini oupaganus, palavras que significam “terra” ou “habitante doméstico” ou, mais simplesmente, “camponês” - as pessoas rotuladas como pagãos eram consideradas inferiores aos que viviam nas cidades. Contudo, isso não significa que essas pessoas eram más. O medo da bruxaria começou a prevalecer por volta de 1450 quando as pessoas começaram a associar a bruxaria e o paganismo com adoração ao diabo.
Tipos de Bruxa
Há muitos tipos de bruxaria, muitas das quais se sobrepõem e todas podem ser definidas de modos diferentes por pessoas diferentes, mas há algumas diretrizes rudimentares para suas designações.
  • Bruxaria africana: há muitos tipos de bruxaria na África. O Azande da África central acredita que a bruxaria causa todos os tipos de infelicidade. O presente da bruxaria, conhecido como mangu, é passado de pai para filho. Aqueles que possuem o mangu nem mesmo estão conscientes disso e realizam a magia inconscientemente enquanto dormem.
  • Mágica popular apalachiana: aqueles que praticam bruxaria nas montanhas Apalaches vêem o bem e o mal como duas forças distintas que são conduzidas respectivamente pelo Deus Cristão e pelo Diabo. Eles acreditam que há certas doenças que sua magia não pode curar. Também acreditam que as bruxas são abençoadas com poderes paranormais e podem realizar magia poderosa que pode ser usada tanto para propósitos bons quanto maus. Eles buscam profecias e presságios do futuro na natureza.
  • Bruxaria verde: a bruxa verde é muito similar a uma bruxa de cozinha/caseira (veja adiante) com a exceção de que a bruxa verde pratica nos campos e na floresta para estar mais perto do espírito divino. A bruxa verde faz suas próprias ferramentas a partir de materiais acessíveis ao ar livre.
  • Bruxaria solitária: uma bruxa solitária não é parte de um grupo ou coven. Essa bruxa pratica magia sozinha e trabalha mais com as artes verdes, curas herbais e feitiços. Nos dias primitivos, os bruxos solitários eram homens ou mulheres sábios que curavam doenças e forneciam conselhos. Eles podem ser de qualquer religião e são considerados bruxos tradicionais (veja adiante).
  • Bruxaria hereditária: os bruxos hereditários acreditam em “dons” da arte que nascem com um bruxo, sendo passados das gerações anteriores.
  • Bruxaria Hoodoo/Invocação/Fundamental: o Hoodoo é um tipo de magia popular afro-americana que combina as práticas folclóricas e crenças africanas com conhecimento botânico indo-americano e folclore europeu. O Hoodoo usa as propriedades mágicas das ervas, raízes, minerais (especialmente magnetos), partes de animais e as posses pessoais e fluidos corporais das pessoas.
  • Bruxaria de cozinha/caseira: um bruxo de cozinha, ou bruxo caseiro, pratica a magia perto da terra e residência. A residência é um lugar sagrado e o uso de ervas é usado freqüentemente para trazer proteção, prosperidade e cura. Os bruxos de cozinha freqüentemente seguem mais de um caminho da bruxaria.
  • Bruxaria luciferiana: o luciferianismo é freqüentemente confundido com o satanismo por ser a adoração de uma divindade chamada Lúcifer, mas a magia luciferiana é usada tanto para o bem quanto para o mal.
  • Feitiçaria alemã da Pensilvânia ou “Pow-wow“: quando os alemães chegaram pela primeira vez na Pensilvânia, os americanos nativos estavam lá, então o termo “pow-wow” para descrever essa prática pode ter surgido das observações das reuniões indígenas. Os Pow-wows incluem feitiços e encantamentos que remontam à Idade Média, bem como elementos emprestados da Cabala Judaica e da Bíblia Cristã. O Pow-wow se concentra na cura de doenças, proteção de animais, encontro do amor ou lançamento ou remoção de feitiços. Os que participam de Pow-wows consideram a si mesmos como cristãos dotados de poderes sobrenaturais.
  • Bruxaria tradicional: a bruxaria tradicional freqüentemente segue a ciência, a história e a arte como seu fundamento. Embora compartilhe do mesmo respeito pela natureza que o bruxo wiccano (veja adiante), os bruxos tradicionais não cultuam a natureza nem o deus ou deusa da Wicca. Eles entram em contato com espíritos que são parte de um mundo espiritual invisível durante os rituais. A magia é mais prática que cerimonial e se concentra principalmente em ervas e poções. Essa seita da bruxaria também não tem nenhuma lei de não prejudicar alguém, mas acredita na responsabilidade e na honra. Feitiços e maldições, portanto, podem ser usados na autodefesa ou para outros tipos de proteção.
  • Wicca: Wicca é uma das religiões pagãs modernas que cultuam a Terra e a natureza e tem apenas 60 anos de idade. Foi criada na década de 40 e 50 por Gerald Gardner. Gardner definiu a bruxaria como uma religião positiva e afirmadora da vida, que inclui adivinhação, plantas medicinais, mágica e habilidades psíquicas. Os wiccanos fazem um juramento de não prejudicar com sua magia.

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