O local privilegiado concentra 70 árvores gigantescas de espécie que só existe no oeste da ilha
A Alameda dos Baobás, ícone de Madagascar, revela dezenas de árvores da espécie
Existem poucos lugares no mundo onde tenho um prazer imenso ao regressar. A Alameda dos Baobás, em Madagascar, é uma dessas paisagens que não me canso de ver e de redescobrir! Ainda mais com as luzes do pôr do sol.
A Alameda ou Avenida dos Baobás é uma concentração natural de dezenas de baobás que margeiam a Rodovia Nacional 8. As árvores estão alinhadas como se tivessem sido plantadas para decorar o caminho de chão e poeira que liga Morondava aos vilarejos mais ao norte. Foi o acaso das sementes que brotaram há vários séculos que acabou desenhando uma avenida que é única no mundo e que atrai milhares de visitantes por ano.
Voltei a Madagascar neste mês de outubro, 11 meses depois da minha visita em 2015. Bastou chegar um pouco antes da temporada de chuva para encontrar bem menos água na região. Sem as primeiras chuvas, o belo laguinho que se forma em frente às árvores ainda não existia. Uma pena, pois a foto do reflexo dos baobás que exploramos de todos ângulos e cores em 2015 não aconteceu!
Nesse fim de tarde, enquanto esperávamos o sol descer, o biólogo Axel Katz e eu resolvemos contar o número de árvores gigantes existentes na planície. Como o baobá é fácil de ser identificado, bastou passar os olhos ao redor e contar todos os que estavam a 360º. Chegamos ao número de 70, considerando os que estavam mais longe – até uns 300 metros de distância – ou os menores que tentavam se esconder atrás de outros troncos. Como a área “estudada” tinha aproximadamente 10 hectares, a densidade de sete árvores por hectare nos pareceu bastante alta.
Os baobás representam a alta diversidade biológica existente em Madagascar
Existem no planeta nove espécies de baobás: um na Austrália, dois no continente africano e nada menos do que seis espécies que só existem em Madagascar.
Na região de Morondava estão três das seis espécies nativas de baobás malgaxes. O baobá mais majestoso é o Adansonia grandidieri. Se as árvores jovens têm 200 a 300 anos de idade, as mais antigas podem chegar a 1.000 anos! Com até 30 metros de altura, a espécie é considerada como ameaçada de extinção.
O segundo baobá da região – Adansonia rubrostipa – é chamado Fony pelos locais. Seu tronco tem uma coloração mais avermelhada e é menor que o imponente grandidieri. O terceiro é o Za – Adansonia za – com cor mais escura e com uma forma irregular no topo. Segundo pesquisadores, as três espécies de baobás existem em uma estreita faixa de 20 a 30 quilômetros de largura e de, no máximo, 250 quilômetros de extensão.
O melhor exemplo da espécie rubrostipa é uma árvore dupla, apelidada de “baobás apaixonados”. Situados a 7 quilômetros da Alameda por uma estrada de areia, os baobás gêmeos cresceram entrelaçados e se tornaram um monumento para os casais de namorados. Existem outros “baobás apaixonados” espalhados pela região e todos são rubrostipa. Os locais confirmam que os maiores grandidieri não crescem envolvidos um ao outro.
O casal de “baobás apaixonados” é da espécie Adansonia rubrostipa
Ao lado das árvores entrelaçadas, uma vendedora oferece uma escultura de madeira jacarandá dos “baobás apaixonados”
Nesta época do ano, os baobás dão frutos; os redondos são das espécies grandidieri e rubrostipa
Mais de 40% da população de Madagascar tem 14 anos ou menos. Assim, não há lugar no país que não esteja cheio de crianças, quase sempre sorridentes e brincalhonas, mesmo se vivem em um estado que beira a pobreza.
Basta chegar uma caminhonete 4x4 com visitantes na Alameda dos Baobás para que a criançada curiosa apareça correndo. Foi o que aconteceu em uma área alagada, um pouco antes do núcleo de baobás da Alameda. Como havia alguns baobás grandiosos no fundo, paramos para ver se a paisagem era mesmo tão fotogênica.
Mas, desta vez, quem brilhou na foto não foram as árvores, mas duas amiguinhas que estavam nadando e pescando na lagoa rasa. Elas fizeram questão de receber o grupo de dez brasileiros cantando, saltando e dançando!
Duas meninas malgaxes que brincavam na lagoa correram para dar boas-vindas aos brasileiros de passagem
A foto acima é um símbolo da alegria malgaxe, e, no próximo ano, quando eu retornar ao local, levarei uma ampliação em papel para dar às duas meninas. De fato, sabendo que retorno no mesmo local no ano seguinte, tenho praticado um ritual simples, mas que cria belos sorrisos: amplio fotos do ano anterior e distribuo dezenas de fotografias às pessoas que serviram de modelo.
Foi o que aconteceu com Tiana, uma menina que fotografei em 2015 entre os majestosos baobás da Alameda. Sabendo que ela morava no vilarejo vizinho, levei a ampliação. Logo depois que o sol desapareceu, encontramos Tiana, que ficou superfeliz com a ideia de receber sua foto de presente!
Tiana adorou receber a ampliação de sua foto tirada há um ano na Alameda dos Baobás
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