quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Tarsila do Amaral


Retrato de Tarsila, ca. 1925Nascimento 1 de setembro de 1886Capivari, São PauloMorte 17 de janeiro de 1973 (86 anos)São Paulo, São PauloNacionalidade brasileiraOcupação PintoraMagnum opus A Negra; Abaporu; Antropofagia; OperáriosMovimento estético Modernismo brasileiro


Tarsila do Amaral (Capivari, 1 de setembro de 1886 — São Paulo, 17 de janeiro de 1973) foi uma pintora e desenhista brasileira é uma das figuras centrais da pintura e da primeira fase do movimento modernista no Brasil, ao lado de Anita Malfatti. Seu quadro Abaporu, de 1928, inaugura o movimento antropofágico nas artes plásticas.





Biografia

Nascida em 1º de setembro de 1886, em Capivari, interior de São Paulo, era filha de José Estanislau do Amaral Filho e de Lídia Dias de Aguiar, e neta de José Estanislau do Amaral, cognominado “o milionário” em virtude da imensa fortuna acumulada em fazendas do interior paulista.Seu pai herdou a fortuna e diversas fazendas, onde Tarsila e seus sete irmãos passaram a infância. Desde criança, fazia uso de produtos importados franceses e foi educada conforme o gosto do tempo. Sua primeira mestra, a belga Mlle. Marie van Varemberg d’Egmont, ensinou-lhe a ler, escrever, bordar e falar francês. Sua mãe passava horas ao piano e contando histórias dos romances que lia às crianças. Seu pai recitava versos em francês, retirados dos numerosos volumes de sua biblioteca.Tarsila era tia do geólogo Sérgio Estanislau do Amaral.

Estudos em São Paulo e Barcelona

Tarsila do Amaral estudou em São Paulo, em colégio de freiras do bairro de Santana e no Colégio Sion. E completou os estudos em Barcelona, na Espanha, no Colégio Sacré-Coeur.

Primeiro casamento e maternidade

Ao chegar da Europa, em 1906, casou-se com o médico André Teixeira Pinto, seu noivo. Rapidamente o primeiro casamento da artista chegou ao fim. A diferença cultural do casal era grande. O marido se opunha ao desenvolvimento artístico de Tarsila, já que ele era conservador e, para os homens da época, a mulher só deveria cuidar do lar. Revoltada com essa imposição, ela se separa, mas só conseguiu a anulação do casamento anos depois. Com ele teve sua única filha, a menina Dulce, nascida no mesmo ano do casamento. Tarsila se separou logo após o nascimento da filha e voltou a morar com os pais na fazenda, levando Dulce.

Início da carreira



Da esquerda para a direita: Pagu, Elsie Lessa, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Eugênia Álvaro Moreyra em época posterior à Semana de Arte Moderna de 1922




Abaporu, uma de suas obras mais conhecidas e um ícone do Modernismo brasileiro. Óleo sobre tela, 1928



Começou a aprender pintura em 1917, com Pedro Alexandrino Borges. Mais tarde, estudou com o alemão George Fischer Elpons. Em 1920, viaja a Paris e frequenta a Academia Julian, onde desenhava nus e modelos vivos intensamente. Também estudou na Academia de Émile Renard.
Apesar de ter tido contato com as novas tendências e vanguardas, Tarsila somente aderiu às ideias modernistas ao voltar ao Brasil, em 1922. Numa confeitaria paulistana, foi apresentada por Anita Malfatti aos modernistas Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Esses novos amigos passaram a frequentar seu atelier, formando o Grupo dos Cinco.
Em janeiro de 1923, na Europa , Tarsila se uniu a Oswald de Andrade e o casal viajou por Portugal e Espanha. 


OSWALD DE ANDRADE
De volta a Paris, estudou com os artistas cubistas: frequentou a Academia de Lhote, conheceu Pablo Picasso e tornou-se amiga do pintor Fernand Léger, visitando a academia desse mestre do cubismo, de quem Tarsila conservou, principalmente, a técnica lisa de pintura e certa influência do modelado legeriano.

Fases Pau-Brasil e Antropofagia

Em 1924, em meio à uma viagem de "redescoberta do Brasil" com os modernistas brasileiros e com o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, Tarsila iniciou sua fase artística “Pau-Brasil”, dotada de cores e temas acentuadamente tropicais e brasileiros, onde surgem os "bichos nacionais"(mencionados em poema por Carlos Drummond de Andrade), a exuberância da fauna e da flora brasileira, as máquinas, trilhos, símbolos da modernidade urbana.Casou-se com Oswald de Andrade em 1926 e, no mesmo ano, realizou sua primeira exposição individual, na Galeria Percier, em Paris. Em 1928, Tarsila pinta o Abaporu, cujo nome de origem indígena significa "homem que come carne humana", obra que originou o Movimento Antropofágico, idealizado pelo seu marido.Em julho de 1929, Tarsila expõe suas telas pela primeira vez no Brasil, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, em virtude da quebra da Bolsa de Nova York, conhecida como a Crise de 1929, Tarsila e sua família de fazendeiros sentem no bolso os efeitos da crise do café e Tarsila perde sua fazenda. Ainda nesse mesmo ano, Oswald de Andrade separa-se de Tarsila porque ele se apaixonou e decidiu se casar com a revolucionária Patrícia Galvão, conhecida como Pagu. Tarsila sofre demais com a separação e com a perda da fazenda, o que a leva a entregar-se ainda mais a seu trabalho no mundo artístico.Em 1930, Tarsila conseguiu o cargo de conservadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Deu início à organização do catálogo da coleção do primeiro museu de arte paulista. Porém, com o advento da ditadura de Getúlio Vargas e com a queda de Júlio Prestes, perdeu o cargo.

Viagem à URSS e fase social

Em 1931, Tarsila vendeu alguns quadros de sua coleção particular para poder viajar à União Soviética com seu novo marido, o psiquiatra paraibano Osório César, que a ajudaria a se adaptar às diferentes formas de pensamento político e social. O casal viajou a Moscou, Leningrado, Odessa, Constantinopla, Belgrado e Berlim. Logo estaria novamente em Paris, onde Tarsila sensibilizou-se com os problemas da classe operária. Sem dinheiro, trabalhou como operária de construção, pintora de paredes e portas. Logo conseguiu o dinheiro necessário para voltar ao Brasil. Com a crise de 1929, ela perdera praticamente todos os seus bens e sua fortuna.No Brasil, por participar de reuniões políticas de esquerda e pela sua chegada após viagem à URSS, Tarsila é considerada suspeita e é presa, acusada de subversão. Em 1933, a partir do quadro “Operários”, a artista inicia uma fase de temática mais social, da qual são exemplos as telas Operários e Segunda Classe. Em meados dos anos 30, o escritor Luiz Martins, vinte anos mais jovem que Tarsila, torna-se seu companheiro constante, primeiro de pinturas depois da vida sentimental. Ela se separa de Osório e se casa com Luiz, com quem viveu até os anos 50.A partir da década de 40, Tarsila passa a pintar retomando estilos de fases anteriores. Expõe nas 1ª e 2ª Bienais de São Paulo e ganha uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em 1960. É tema de sala especial na Bienal de São Paulo de 1963 e, no ano seguinte, apresenta-se na 32ª Bienal de Veneza.

Últimas décadas: 1960 e 1970

Em 1965, separada de Luís e vivendo sozinha, foi submetida a uma cirurgia de coluna, já que sentia muitas dores, e um erro médico a deixou paralítica, permanecendo em cadeira de rodas até seus últimos dias.Em 1966, Tarsila perdeu sua única filha, Dulce, que faleceu de um ataque de diabetes, para seu desespero. Nesses tempos difíceis, Tarsila declara, em entrevista, sua aproximação ao espiritismo.A partir daí, passa a vender seus quadros, doando parte do dinheiro obtido a uma instituição administrada por Chico Xavier, de quem se torna amiga. Ele a visitava, quando de passagem por São Paulo e ambos mantiveram correspondência.Tarsila do Amaral, a artista-símbolo do modernismo brasileiro, faleceu no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, em 17 de janeiro de 1973 devido a depressão[carece de fontes]. Foi enterrada no Cemitério da Consolação de vestido branco, conforme seu desejo.

Representações na cultura


Tarsila do Amaral já foi retratada como personagem no cinema e na televisão, interpretada por Esther Góes no filme "Eternamente Pagu" (1987), Eliane Giardini nas minisséries "Um Só Coração" (2004) e "JK" (2006).A artista também foi tema da peça teatral Tarsila, escrita entre novembro de 2001 e maio de 2002 por Maria Adelaide Amaral. A peça foi encenada em 2003 e publicada em forma de livro em 2004. A personagem-título foi interpretada pela atriz Esther Góes e a peça também tinha Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Anita Malfatti como personagens.Tarsila do Amaral foi homenageada pela União Astronômica Internacional, que em 20 de novembro de 2008 atribuiu o nome "Amaral" a uma cratera do planeta Mercúrio.Em 2008, foi lançado o Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral, uma catalogação completa das obras da artista em três volumes, em realização da Base7 Projetos Culturais, com patrocínio da Petrobras, numa parceria com a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura e Governo do Estado de São Paulo.

Obras


Pátio com Coração de Jesus (Ilha de Wright) - 1921

A Espanhola (Paquita) - 1922



Chapéu Azul - 1922


Margaridas de Mário de Andrade - 1922



Árvore - 1922

Tarsila do Amaral – Biografia e Obras - Tarsila do Amaral[2]

Retrato de Oswald de Andrade - 1922



Estudo (Nu) - 1923



Manteau Rouge - 1923



Rio de Janeiro - 1923



A Negra - 1923



Caipirinha - 1923



Estudo (La Tasse) - 1923



Figura em Azul (Fundo com laranjas) - 1923



Natureza-morta com relógios - 1923



O Modelo - 1923

O Modelo – Tarsila do Amaral:

Pont Neuf - 1923



Retrato azul (Sérgio Milliet) - 1923



Retrato de Oswald de Andrade - 1923



Autorretrato - 1924



São Paulo (Gazo) - 1924



A Cuca - 1924



São Paulo Antiga - 1924



A Feira I - 1924



Morro da Favela - 1924 



Carnaval em Madureira - 1924



Anjos - 1924



EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil) - 
1924



O Pescador - 1925



A Família - 1925



Vendedor de Frutas - 1925



Paisagem com Touro I - 1925



A Gare - 1925



O Mamoeiro - 1925



A Feira II - 1925



Lagoa Santa - 1925



Palmeiras - 1925



Romance - 1925



Sagrado Coração de Jesus I - 1926



Religião Brasileira I - 1927



Manacá - 1927



Pastoral - 1927

Resultado de imagem para Pastoral - 1927

A Boneca - 1928



O Sono - 1928

Resultado de imagem para O Sono - 1928

O Lago - 1928



Distância - 1928



O Sapo - 1928



O Touro - 1928



O Ovo (Urutu) - 1928



A Lua - 1928



Abaporu - 1928



Cartão Postal - 1928 



Antropofagia - 1929



Calmaria II - 1929



Cidade (A Rua) - 1929



Floresta - 1929



Sol Poente - 1929



Idílio - 1929



Retrato do Padre Bento - 1931



Operários - 1933



Segunda Classe - 1933



Crianças (Orfanato) - 1935/1949



Costureiras - 1936/1950



O Casamento - 1940



Procissão - 1941



Terra - 1943



Primavera - 1946



Estratosfera - 1947



Praia - 1947



Fazenda - 1950



Porto I - 1953



Procissão(Painel) - 1954



Batizado de Macunaíma - 1956




Passagem de nível III - 1965




Religião Brasileira IV - 1970



Bandeira do Divino

A Antropofagia propunha a digestão de influências estrangeiras, como no ritual canibal (em que se devora o inimigo com a crença de poder-se absorver suas qualidades), para que a arte nacional ganhasse uma feição mais brasileira.

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