Chiclete com banana
Se Angeli não tivesse dado certo como autor de quadrinhos, talvez tivesse sido um excelente publicitário. Chiclete com Banana é provavelmente o título mais adequado já criado por um cartunista.
Com este nome, Angeli produziu uma quantidade inesgotável de tiras, cujo personagem central é nada mais nada menos que o comportamento. Chiclete com Banana é algo bizarro, visceral e tipicamente humano. Nunca comi chiclete com banana, mas entendo bem o que significa (embora não seja capaz de explicar) e só isso já demonstra o quão adequado é o nome. Angeli provavelmente deve ser invejado por seus colegas. Ele pode criar diversos personagens sob a chancela da Chiclete. Sua liberdade é praticamente infinita.
E foi grande o número de tipos que nasceram nela: Wood & Stock, dois velhos hippies que deixaram seus neurônios na década de 1960; Bob Cuspe, o anárquico punk que cuspiu nas piores criaturas de nossas gerações; Rê Bordosa, a junkie mais louca dos anos 1980; Rala Ricota, o guru comedor de discípulas; Mara Tara, a ninfomaníaca mais pervertida dos quadrinhos; os Skrotinhos, a versãounderground dos Sobrinhos do Capitão; Meia Oito e Nanico, os dois revolucionários ultrapassados dos anos da Ditadura; Walter Ego; Osgarmo; Luke e Tantra; o próprio autor em suas crises criativas; e um sem-número de tiras que simplesmente descreviam tipos diversos.
Os personagens da Chiclete não precisam ter nenhuma ligação entre si e suas histórias podem ser totalmente independentes. Durante muitos anos, isso fez da Chiclete uma tira original e atraente. Atualmente, o autor resolveu explorar o mundo adolescente de Luke e Tantra e tem desenvolvido diversos personagens nesse universo, contrariando sua tendência anterior. Das tiras de jornal, a Chiclete com Banana virou revista nos anos 1980 e seus personagens passaram a viver aventuras em histórias maiores. Foi um grande sucesso que marcou toda uma geração.
ALGUNS EXEMPLARES
Os Skrotinhos – A cura pelo fel
Entrevista com Angeli sobre a versão underground dos sobrinhos do capitão na Chiclete com Banana: os skrotinhos. A entrevista é muito boa, apesar de rápida. Ela tem uma breve apresentação do autor seguida de uma série de perguntas bem colocadas. Uma boa revelação é a declaração de Angeli sobre a influência dos Fradins de Henfil na criação dos Skrotinhos. Aliás, Angeli conta que se inspirou muito em dois baixinhos que sempre via no Ritz (pelo ano de 1987). Parece que Angeli os via freqüentando as mesas das mulheres mais lindas, mas nunca os via pagar a conta. Henfil, por sua vez, dizia que se inspirou em dois frades que viu num supermercado em sua infância: um alto e angelical, e outro baixinho que tirou um pão de sua manga e o comeu lançando um olhar maroto para o jovem Henfil. Coincidência um tanto quanto interessante, não? (Detalhe: a matéria é, na verdade, baseada no press-release. Não fica claro, entretanto, se a entrevista já estava no release original.)
A fome com a vontade de comer no universo HQ
Gilberto M. M. Santos resenha o primeiro albúm dos Skrotinhos nas sobras completas, (coleção da Chiclete com Banana, lançada pela Devir em co-edição com a Jacarandá). Santos contextualiza as personagens e analisa o álbum e o trabalho gráfico de Angeli.
A fome com a vontade de comer no Cybercomcix
Outra resenha do primeiro álbum dos Skrotinhos nas obras completas. Infelizmente não veio assinada. Mas seja lá quem for o autor, fez uma resenha bem mais autoral e concentrou-se em apresentar suas impressões particulares sobre esses dois personagens.
Entrevista com os Skrotinhos
O editor do UOL tablóide é detonado pela nossa dupla de heróis.
Chiclete em Portugal
A Chiclete teve uma publicação em Portugal. Na BD portuguesa o título reúne os trabalhos de Laerte e Angeli, e sucede as capas com trabalhos de ambos. Vai entender esses portugueses…
E a Devir importa os álbuns
Essa é de português mesmo. A Devir lançou os álbuns da Chiclete com Banana em Portugal e depois importou. Vai entender esses brasileiros…
Resenha do álbum Wood & Stock
Feita pelo Leonardo Passos na Universo HQ. O proprietário do QGHQ Comic Shop esmiúça a vida dos dois velhos hippiesda Chiclete com Banana.
Punks nos quadrinhos
A matéria fala dos personagens punks e dá um destaque especial para o punk da Chiclete com Banana: Bob Cuspe.
Rê Bordosa
A grande estrela da Chiclete com Banana ganhou um álbum exclusivo nas obras completas de Angeli. Angeli, seguindo o caminho de um de seus ídolos – Robert Crumb – matou sua mais famosa personagem quando ela estava no auge de sua fama. Adão Iturrusgari (amigo de Angeli e autor de Aline e dos cowboys gays Rocky & Hudson) declarou achar que Angeli tinha ciúme da Rê por ser mais famosa que o próprio (na entrevista concedida às meninas do Grelo Falante). De todo modo, a editora Devir não poderia se furtar a apresentar o livro e o autor em seu site. Foi o que encontramos nesse link.
A peça de Rê Bordosa
A personagem ganhou uma versão para o teatro. Há, neste link, o texto da peça. Não vou falar muito sobre a peça, não! Quem você quiser saber mais, então é melhor ler.
Wood & Stock irão para as telas de cinema?
Já é quase uma piada, mas os dois cinqüentões querem ir para as telas. A obra fictícia é do velho Otto Guerra (que fez um longa animado com os personagens de Adão: os cowboys gays Rocky & Hudson). Esse boato já está correndo há quase dez anos, mas como o filme do Grilo Feliz durou vinte anos antes de ir para as telas, tudo é possível. Principalmente porque o filme já está pronto (e já estreiou em Belo Horizonte).
Angeli fala sobre o filme
Infelizmente o acesso é exclusivo dos assinantes UOL. Se você conseguir uma senha, poderá ouvir o autor dando sua opinião sobre o filme de Otto Guerra.
Angelitos
Os portugueses passaram à nossa frente. Humberto Santana terminou uma série de 60 animações de 1 minuto feita com os personagens de Angeli. A premiada série se chama Angelitos e tem, ao todo, 60 minutos de animação (é um “média”, se consideramos o conjunto).
Entrevista de Humberto de Santana
O diretor dá uma entrevista sobre a animação que fez com os personagens da Chiclete com Banana. Ele fala um pouco sobre a fama de Angeli em Portugal, como o conheceu, revela também a dificuldade de nossos amigos lusos em desenvolver quadrinhos (lá chamado de Banda Desenhada). Enfim, a entrevista traz diversas curiosidades.
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