A morte é uma realidade e a única certeza que existe para quem está vivo, só não tendo uma data para o seu acontecimento.
Esse assunto é muito polêmico em várias culturas pelo mundo, sendo até um "Tabú" em determinados lugares, gerando muitas vezes, medo, pavor, folclore e até devoção, como no caso do México onde a morte é uma Santa, conhecida como "Santa Morte".
Imagem da "Santa Morte", cultuada no México
Mas no século XIX, um costume mórbido e curioso se espalhou por diversas partes do mundo: foram as fotos "Post Mortem".
"Post Mortem" vem do Latim, significando "Pós Morte", ou após a morte.
As fotos "Post Mortem" aparentemente tiveram origem na Inglaterra, quando a Rainha Victoria pediu que fotografassem um cadáver de uma pessoa conhecida, ou um parente, para que ela guardasse como recordação.
A partir desse momento, o "costume" lentamente se espalhou por diversas partes do mundo, sendo que várias famílias passaram a fazer a mesma coisa, guardando para si uma mórbida recordação do ente querido que havia partido.
Até os dias de hoje, por mais estranho que se possa parecer, em alguns lugares ainda se tem esse costume.
Durante o século XIX, o ato de fotografar os falecidos era bem mais comum, parecendo nos dias de hoje algo "mórbido" e sem sentido, mas naquele tempo se tornou um costume natural.
Criar álbuns com fotos dos familiares e amigos mortos, era uma espécie de negação da morte, ao mesmo tempo que as fotografias tornavam-se recordações guardadas pela família para se lembrar daqueles que se foram.
Além disso, observa-se que "fotografias" naquela época era um grande luxo, devido ao elevado preço para produzi-las e também devido à pouca quantidade de câmeras fotográficas e profissionais disponíveis.
A fotografia "Post Mortem" em si era algo bem caro, e funcionava como última homenagem aos falecidos.
No ato de fotografar a pessoa que morreu à pouco tempo, estando o corpo em estado "fresco", eram criados verdadeiros cenários elaborados com composições muitas vezes complexas de estúdio para fazer os álbuns dos mortos, e assim tornar a morte menos dolorosa.
Em outros casos, após algum tempo do falecimento da pessoa, e ocorrido o "rigor mortis", era necessário inventar situações complicadas para a foto ficar natural, envolvendo a instalação de calços sob cadeiras e inclinar a câmera fotográfica para que a cena se ajustasse a posição fixa do cadáver.
Para essas fotos o importante era fazer parecer que os falecidos estivessem dormindo ou em posições de pessoas "vivas".
Com isso, era comum fotos com grupos de mortos e também de pessoas vivas sentados fazendo poses com cadáveres.
Em algumas montagens, eram colocadas estacas de madeira por dentro da roupa dos cadáveres, ao mesmo tempo que eram maquiados e colocados em posições como se estivessem vivos, como: em pé ao lado de familiares, sentados com pernas cruzadas em sofás, lendo livros, abraçando um ente querido, ou outra pose que fosse normal para quem estivesse vivo.
Grande parte das fotos de bebês eram coloridas artificialmente para dar um tom de vida ao cadáver das crianças.
*Observa-se que fotos "Post Mortem" se diferem de fotos tiradas normalmente de cadáveres após acidentes ou decomposição, pois o intuíto das fotografias e a "arte" por trás das montagens tinham finalidades apenas sentimentais, e não de impressionismo, como tirada por repórteres ou curiosos.
*Rigor Mortis = Rigor mortis é um sinal reconhecível de morte que é causado por uma mudança química nos músculos, causando aos membros do cadáver um endurecimento ("rigor") e impossibilidade de mexê-los ou manipulá-los.
Tipicamente o rigor acontece várias horas após a morte clínica e volta espontâneamente depois de dois dias, apesar do tempo de início e duração depender da temperatura ambiente.
Na média, presumindo-se temperatura amena, começa entre 3 e 4 horas post-mortem, com total efeito do rigor em aproximadamente 12 horas, e finalmente o relaxamento em aproximadamente 36 horas.
A causa bioquímica do rigor mortis é a hidrólise do ATP no tecido muscular, a fonte de energia química necessária para o movimento.
Moléculas de miosina derivados do ATP se tornam permanentemente aderentes aos filamentos e os músculos tornam-se rígidos.
A circulação sanguínea cessa, assim como o transporte do oxigênio e retirada dos produtos do metabolismo.
Os sistemas enzimáticos continuam funcionando após algum tempo da morte.
Assim, a glicólise continua de forma anaeróbica, gerando ácido láctico, que produz abaixamento do pH.
Neste momento, actina e miosina, unem-se formando actomiosina, que contrai fortemente o músculo.
Desde que o Francês Louis Daguerre em 1837 criou o processo fotográfico, começaram a aparecer as primeiras fotografias POST MORTEM. Hoje é difícil se pensar em tal coisa, pois geralmente temos fotos dos nossos entes queridos. Mas naquela época fotografia era algo muito caro e para poucos, então ter uma recordação da pessoa morta era algo quase que necessário.
Tal fenômeno se difundiu tanto na Europa e na América do Norte que muitos fotógrafos passaram a se especializar nesse tipo de fotografia.
Fotografias de grupos, todos mortos, ou com parentes vivos em volta do falecido, cuja aparência não indicava de forma alguma sua real condição. As fotografias post mortem de figuras religiosas geralmente os mostravam sentados com um crucifixo nas mãos ou outro objeto similar.
Como as fotografias post mortem foram ficando cada vez mais populares e comuns, não havia muita variedade nas posições dos cadáveres. Nos anos 30 do século XX, as fotografias eram tiradas momentos antes do enterro, durante o velório ou antes do cadáver ser depositado no caixão.
Ao passar dos anos, já não havia a necessidade de fotografar os mortos em simulações de vida. Adornos, como flores por exemplo, eram incluídas nas fotos, dando plena consciência da real condição da pessoa.
Com a invenção de máquinas fotográficas mais modernas, a prática de fotografar pessoas vivas em situações cotidianas e normais se tornou mais popular e mais agradável aos nossos olhos.
Atualmente em nossa sociedade moderna, as fotografias post mortem são consideradas, por muitas pessoas, como bizarras e assustadoras.
A falta de vida, de reação, nos causa desconforto e assombro. Mas, ainda hoje, em alguns lugares, se fotografam os mortos. Talvez remexendo fotos antigas naquela caixa velha ou no báu guardado no porão, você possa encontrar alguma recordação de um parente "adormecido".
A seguir estão expostas algumas fotos "Post Mortem" originais tiradas em vários países, mostrando como eram feitos os retratos "tenebrosos" dos falecidos.
Observa-se que uma das fotos foi tirada no Brasil nos anos 1930, mostrando que o costume das fotos "Post Mortem" se espalharam pelo mundo na época:
Pai com criança Dormindo (ambos mortos).
Criança "morta" em pose como se estivesse dormindo.
Menino “dormindo”:
Pode ser notado o blush rosa que colocaram sobre a foto para dar aparência de vida ao morto.
Dentro do Caixão.
Você consegue dizer quem está morto no momento desta foto?
Não é o velho. É a menina no meio.
Criança morta colocada sobre uma cadeira, fazendo pose de como se estivesse viva.
Bebê morto em pose de como se estivesse dormindo.
Criancinhas mais jovens apareciam no colo de adultos vivos ou mortos ou ainda em fotos de estúdio. Como esta.
Fotos de crianças em caixões era muito comum na época.
Família posando ao lado da falecida, em pose de como se estivesse dormindo no chão. Observa-se que haviam alguns petiscos na mesa ao lado.
Pode-se notar a apreensão da garotinha, a qual estava posando ao lado do irmão morto, e que estava abraçando seu ombro como se estivesse vivo.
Nesta foto, todas as moças que aparecem estavam mortas.
A que está abaixada "olhando" para trás, estava com o rosto desfigurado.
Esta foto "Post Mortem" foi tirada na Vila de São João Velho, ao lado do município de São João Novo - S.P. - Brasil.
A data é dos anos 1930, com comentários dizendo:
(Julieta Bosco e Idalina Tozzi em um enterro).
Por incrível que pareça, esta jovem está morta, estando seu corpo apoiado por madeiras por trás de suas roupas, permitindo uma pose praticamente natural.
Garotinha morta "posando" como se estivesse dormindo
Garotinha morta, "posando" com suas bonecas favoritas.
Tentativa de representar a realidade do dia a dia.
Por incrível que pareça, quem está morta é a moça em pé.
A sentada está viva. Este é um exemplo clássico da arte fotográfica "Post Mortem" que era utilizada na época.
A garota que está em pé na foto é a que está morta.
Agora observe as mãos dela.
Para as pessoas que estão pensando como o corpo morto está de pé: há um ponto de apoio suportando o corpo que é bem difícil de ser visto. Entretanto, está segurando o pescoço, os braços e as costas da garota.
A garota na foto está com os olhos abertos, mas em alguns casos os fotógrafos pintam os olhos nas pálpebras para parecer que eles estão acordados.
Criança em Caixão (Outro exemplo)
Última lembrança do filho amado? Não, o filho dorme, sua mãe é que não estava mais entre nós...
Aqui, uma mãe posa ao lado do corpo da filha. |
Segundo a fonte, mãe e filho estavam mortos nesta imagem. |
Não se espante por ela estar de pé. Lembre-se de que cadáveres são bastante rígidos. |
A mãe estava viva. A bebê infelizmente não. |
Idem à imagem anterior. |
Novamente. |
Três irmãos posam ao lado do caçula sem vida. |
Nesta foto, só a moça de branco estava morta. |
Fotos Post Mortem não eram exclusividade de pessoas. Animais de estimação também eram fotografados.
Vídeos:
E para entrar no clima,um filme onde aparece este assunto ,Os outros(2001), de Alejandro Amenábar:
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