AO EDITAR ESSE TEXTO PERCEBI QUE AS ÚLTIMAS POSTAGENS ,
UMA LEVOU A OUTRA
PRIMEIRO LUGARES MISTERIOSOS ,ONDE NÃO PODÍAMOS DEIXAR DE LEMBRAR O EDIFÍCIO DAKOTA ,ONDE SE PASSOU O FILME O BEBÊ DE ROSEMARY DE ROMAN POLANSKI ,ONDE É IMPOSSÍVEL NÃO LEMBRAR SUA HISTÓRIA TRÁGICA ENVOLVENDO SUA MULHER QUE FOI MORTA POR ESSE INDIVIDUO MENTALMENTE PERTURBADO.
UMA GRANDE TRAGÉDIA QUE ENVOLVEU PESSOAS INOCENTES ,SÓ PRA SATISFAZER UMA FILOSOFIA DOENTIA CRIADA POR ESSE ALUCINADO ( CHARLES MANSON ).
CHARLES MANSON |
Quando, em 1970, Charles Willis Manson apareceu, no início de um julgamento, com um “x” na testa, feito à faca por ele mesmo, ele explicou ao grande número de jornalistas presentes que estava se “xizando” do mundo, que estava “saindo fora”. Na verdade, naquele dia ele só estava oficializando isto. Charles Manson, desde criança, já vivia fora deste mundo de regras e leis.
Charles Manson começou a ficar famoso no final do ano anterior, quando foi descoberto o envolvimento de sua “Família” em brutais assassinatos, acontecidos poucos meses antes.
A Manson Family era formada por Charles Manson e um grupo de seguidores seus. Viviam, à época, em um rancho, nos Estados Unidos. Sobreviviam especialmente de atividades criminosas, como furtos. Naquele tempo era comum a existência de comunidades parecidas a esta. Lembremos que foi o ano do Festival de Woodstock.
O Festival de Woodstock foi o auge do movimento “paz e amor”: sexo livre, lama (duas tempestades durante o evento), drogas (LSD e maconha, principalmente)… E, claro, muito rock and roll. Cerca de 500 mil pessoas viram performances hoje históricas de Santana, The Who, Jimi Hendrix, Janis Joplin, entre muitos outros artistas.
Um ano antes, o mundo havia sido sacudido pelas revoluções não-armadas, comandadas pelos jovens e por trabalhadores, ocorridas em vários países. O chamado “Maio de 68″, em Paris, foi o ponto mais alto desta história. Pedia-se mais liberdade, menos leis, menos regras. “É proibido proibir” foi um dos slogansdo movimento.
Por tudo isto, a comunidade de Manson não chamava tanto a atenção. De fato, o seu envolvimento com as mortes foi descoberto um pouco por acaso. Em uma batida policial ao rancho, vários integrantes foram presos, por acusações de crimes mais leves. Mas, dentro da cadeia, uma das “garotas de Manson”, Susan Atkins, acabou por falar a uma colega de cela que ela mesma havia matado a atriz Sharon Tate, que estava grávida de oito meses quando morreu. Assustada com os detalhes que ouviu, esta colega de cela fez chegar às autoridades toda a história. E o novelo começou a ser desenrolado…
Infância e adolescência de Charles Manson
Charles Manson nasceu em 1943. Foi gerado por uma gravidez não desejada de uma garota de 16 anos, que havia saído de casa um ano antes, bebia muito e era promíscua, apesar de (ou por causa de?) uma criação religiosa bastante rígida.
Seu pai verdadeiro, Charles nunca conheceu. Herdou o sobrenome “Manson” de um homem com quem a mãe se juntou, relacionamento que durou pouco tempo.
Às vezes sua mãe sumia por dias, e o pequeno Charles Manson ficava aos cuidados da avó. A mãe acabou sendo presa, com um irmão, por roubo armado a um posto de gasolina, e Charles foi parar nas mãos de tios, também bastante conservadores.
O tio reprimia Charles, dizia que ele era afeminado – e, para “consertá-lo”, enviou-o vestido de menina no primeiro dia de aula.
Quando a mãe foi solta, continuou com sua vida anterior: casos amorosos fugazes, pulando de casa em casa, de cama em cama – supostamente, envolvia-se também com mulheres. Charles Manson conta que sua mãe chegou a vendê-lo em um bar, em troca de apenas uma jarra de cerveja, e teve de ser resgatado por um parente.
Ainda criança, Charles Manson começou a furtar, continuamente. Foi mandado para um reformatório, mas ao sair continuou com os delitos. Por volta dos 12, procurou a mãe, que o rejeitou mais uma vez. Outras vezes preso, foi parar em outras instituições. Muitas vezes fugia. Chegou a passar por avaliações psiquiátricas – numa destas, postulou-se que por trás de suas mentiras e frieza estava um garoto extremamente sensível que não havia recebido amor suficiente. Avaliou-se o seu QI, e era acima da média.
Poucos dias antes de ser ouvido para receber uma condicional, em uma destas detenções, Charles Manson sodomizou um garoto, apontando uma faca contra o pescoço do rapaz. Tinha já 17 anos. Charles relata que, nestas instituições penais pelas quais passou, já tinha sido vítima anteriormente de abusos sexuais – sendo que em uma ocasião um guarda incitou os outros garotos a violentá-lo, enquanto permaneceu masturbando-se, ao lado da cena.
Charles Manson foi então mandado para uma instituição mais segura. Não adiantou muito: lá, abusou de outros homens.
A vida na prisão
Já em outra prisão, aparentemente mudou de comportamento, subitamente: dedicou-se mais a aprender (finalmente foi alfabetizado) e estava mais colaborativo. Aos 19 pôde sair. No ano seguinte, casou e teve um filho, Manson Jr.. Enquanto isto, trabalhava em serviços de baixa especialização, pelos quais recebia pouco.
Então, para completar sua renda, roubava carros…
Foi parar novamente na prisão. Nisto, sua esposa o largou. Três anos depois, ele saiu da cadeia. Virou “cafetão”, explorando prostitutas. E, claro, ainda era ladrão. Ano seguinte, pego novamente, mas escapou com a ajuda de uma mulher que mentiu estar grávida dele. Mas após dar um golpe financeiro em uma mulher e drogar e estuprar a colega de quarto desta, foi preso. Estava com 26 anos e foi condenado a vários anos de prisão.
Descreve-se que, nesta época, Charles tinha grande necessidade de chamar a atenção para si mesmo. Era manipulador. Falava de filosofias pouco conhecidas na época, como o Budismo e a Cientologia.
Outra obsessão era o quarteto de Liverpool, “The Beatles”. Charles Manson tinha um violão e acreditava que, tendo oportunidade, seria mais famoso que os Beatles. Passava boa parte do tempo na prisão escrevendo músicas.
Aos 32, podendo finalmente ser libertado, quis recusar. Tinha passado mais da metade da sua vida em instituições e disse que não saberia viver lá fora. Estávamos em 1966.
Família Manson
Charles Manson foi obrigado a sair da prisão. Na rua, teve contato com hippies e começou a arregimentar seguidores. Muitos eram meninas bem jovens e emocionalmente perturbadas. Além disso, Manson usava de drogas como o LSD para influenciá-las. Nascia a “Família Manson”.
O já “guru” Charles Manson pregava o abandono das prisões mentais engendradas pelo capitalismo. Consta que a Família acabou por se aproximar das “ciências ocultas”, como a “Ordem Circe do Cachorro Sanguinário” (!).
O grupo acabou conhecendo Dennis Wilson, da banda Beach Boys, muito famosa à época. Tentaram explorá-lo, mas ele logo se livrou de Manson.
Em 68, a Família Manson foi parar no rancho onde se estabeleceriam em definitivo, o “Rancho Spahn”. Eles sobreviviam não só de roubar, mas também de outras atitudes pouco convencionais, como procurar comida em restos de restaurantes. Charles Manson ainda tentava gravar um filme ou um disco. Um produtor, chamado Melcher, recusou o que na cabeça de Manson seria um fato consumado: a gravação e lançamento de seu disco.
Helter Skelter
Em suas teorizações, Charles dizia acreditar que em breve aconteceria uma grande guerra racial, onde os negros venceriam, mas ficariam desnorteados, porque eram incapazes de dominar. Neste ano, os Beatles lançaram o que ficou conhecido como “Álbum Branco”, onde uma música chamada “Helter-skelter” dizia “Olhe lá fora a ‘helter-skelter’, ela está chegando rapidamente”. Então, tudo ficou claro na cabeça de Manson…
(No vídeo abaixo, “Helter Skelter”, dos Beatles; não consigo mais escutar esta música sem lembrar de Charles Manson…)
A guerra, pensava Manson, deveria começar com o acontecimento de crimes que deixassem os brancos realmente enfurecidos contra os negros. Charles e sua Família escapariam escondendo-se no deserto. Charles havia entendido, ao ler um livro religioso, que no deserto havia uma entrada para uma cidade de ouro. Após o fim da guerra racial, a Família Manson retornaria e assumiria o comando da situação. Charles era o “quinto anjo”. Os outros quatro? John, Paul, George e Ringo: os Beatles…
Como os negros não iniciaram a guerra na data que Charles achou que começariam, ele percebeu que teria que ensinar a eles o que fazer…
Sharon Tate
Madrugada de 9 de agosto de 69. Hollywood. A bela atriz Sharon Tate está grávida de 8 meses. Seu marido é o diretor de cinema Roman Polanski, que já era conhecido e está em viagem na Europa. Na casa do casal, Sharon Tate recebe três amigos – uma residência isolada da cidade, e com vizinhos distantes.
Os quatro são assassinados esta noite, por integrantes da Família Manson (Charles não participou, só ordenou)– aliás, os cinco: o garoto na barriga de Sharon Tate também morreu. Também foi assassinada outra pessoa que não estava com eles na casa, estava por perto apenas procurando pelo caseiro.
Tiros, golpes com objetos, enforcamentos e muitas facadas. Na parede, escreveram “PIG” (porco), com o sangue das vítimas.
Sharon e seus amigos morreram, podemos dizer, “por azar”. Dias antes, Charles Manson havia ido a casa à procura daquele produtor musical, Melcher, mas ele havia se mudado. Foi então que viu Tate lá e pensou que seria uma ótima vítima.
Na noite seguinte a este crime, o rico casal LaBianca foi assassinado quase da mesma maneira. Charles entrou na casa, dominou o casal, amarrou-os e saiu, chamando os outros membros para terminarem o serviço. Segundo afirmou Charles “Tex” Watson, um dos criminosos, Charles havia ordenado: “Matem estas pessoas da maneira mais cruel possível!”.
Na parede, com sangue, escreveram “WAR” (guerra). Na geladeira, “HEALTER SKELTER” (involuntariamente, a expressão foi escrita erroneamente).
A guerra iria começar…
O cartão de crédito roubado da senhora LaBianca foi deixado em um estabelecimento comercial – era para ser achado por um negro, que seria então preso e acusado dos assassinatos (o tal cartão nunca foi usado…).
Alguns dias antes destes crimes, em 31 de julho, em outra jurisdição, o professor de música Gary Hinman também havia sido morto de modo semelhante (inclusive com inscrições na parede). A polícia local prendeu um homem, que já havia passado pelo acampamento de Charles Manson. Mas o Departamento de Polícia responsável pelos casos mais recentes não quis ver a ligação entre os crimes, e preferiu achar que a morte de Tate e seus amigos estava relacionada com problemas relacionados a drogas.
Várias pessoas foram interrogadas, e o próprio Polanski foi submetido ao polígrafo (“detector de mentiras”). A mídia aproveitou-se do caso, e dizia que o casal se entorpecia, que eram satanistas, que faziam orgias.
Roman Polanki chegou a oferecer 25 mil dólares de recompensa por informações sobre os assassinos. O pai de Sharon, por sua vez, deixou a barba e cabelo crescerem e se infiltrou entre hippies e drogados para tentar obter informações. Sem resultados efetivos, as ações dos dois.
Poucos dias depois dos homicídios, um garoto achou uma arma. Era a utilizada nestes crimes.
Somente em outubro investigadores chegaram ao Rancho Spahn, cenário de realização de filmes de faroeste, nos anos 20. O local ainda parecia uma cidade do Velho Oeste. Lá morava toda a Família Manson, que chegou a ter até 50 pessoas. Mas os agentes estavam atrás deles por outros motivos – haviam queimado um equipamento, em uma estrada, por obstruir o caminho dos bugues na planejada fuga para o deserto.
Uma das pessoas a ser presa nesta batida policial foi Susan Atkins, por suspeita de envolvimento no primeiro assassinato, de Melcher. Em novembro ela falou à colega de cela que tinha participado da morte de Sharon Tate. Susan tinha um comportamento incomum na cadeia: cantava, dançava, ria sozinha. Dizia que seu amante, Manson, era Jesus Cristo. Parecia pouco preocupada com qualquer coisa.
A confissão de Susan Atkins
Susan afirmou à colega de cela que foi ela mesmo quem matou Tate, enquanto esta implorava por sua vida. Susan teria esbravejado contra Tate: “Olha, cadela, eu não me importo com você. Eu não me importo se você vai ter um filho. É melhor você estar preparada. Você vai morrer e eu não sinto nada por isto…”.
Susan Atkins disse ainda, à colega, que provou do sangue de Tate: “Uau, que viagem! Provar a morte, e ainda dar vida.”. Falou também que queria tirar o bebê de Tate de sua barriga, mas não havia tempo. E que quis arrancar os olhos das vítimas e jogá-los contra as paredes, mas não teve oportunidade. Disse ainda que o plano seria matar, posteriormente, outras celebridades, como Frank Sinatra e Elizabeth Taylor.
A polícia levou algum tempo para querer ouvir a colega de cela de Susan. Outros depoimentos, então, começaram a dar sentido à história de Susan. O irmão de um ex-morador do rancho falou de outra morte, ocorrida em 17 de julho daquele ano, de um freqüentador do rancho que iria denunciar ao dono deste o que lá ocorria: depósito de carros roubados, uso de drogas, sexo grupal. Seu corpo teria sido desmembrado. Posteriormente, vários outros crimes supostamente cometidos por diversos membros da Família vieram à tona.
Em novembro, um promotor pegou o caso. Ele queria incriminar Charles Manson, mas pelas informações que tinha, Manson efetivamente não tinha matado ninguém, não com suas próprias mãos.
Algumas provas materiais dos crimes surgiam, enquanto Susan, por pressão de Charles, recuava no seu falatório.
Charles defendeu a si mesmo na audiência preliminar. Era bem articulado. Segundo o promotor, ele “parecia considerar todos os aspectos escondidos de uma questão” e “suas expressões faciais eram como as de um camaleão”. Manson dirigia-se à Família, à corte, à platéia. Via uma mulher bonita e sorria ou piscava para ela. Elas pareciam ficar mais lisonjeadas que ofendidas. “Ele tinha uma estranha energia…”, comentou o promotor.
O julgamento de Charles Manson
O julgamento começou no meio de 1970. Foi quando Charles com o “x” na testa e disse à corte que ela não tinha jurisdição sobre ele porque tinha “xizado” a si mesmo do mundo. Vários outros membros da Família também fizeram o “x”. Atitudes como esta faziam aumentar o espanto e a curiosidade do público.
Manson fez chegar até membros da Família ameaças de morte. De fato, uma moça chegou a ser quase morta. Quando evidências eram apresentadas, Charles tentava manipular, desviar a atenção para si mesmo. Chegou a dizer ao juiz que alguém deveria cortar a cabeça deste.
A fala da acusação durou 22 semanas! Durante a defesa, Manson teve conflitos com seu próprio advogado, que acabou “desaparecendo”. Havia sido assassinado e depois um membro da Família confessou o crime.
Em janeiro de 71, finalmente, o júri iria tomar suas decisões. A segurança foi reforçada, porque um membro da Família havia roubado granadas e feito ameaças.
Manson, Susan e mais dois membros da Família foram considerados culpados. Posteriormente, mais um recebeu o mesmo veredito.
Linda Kasabian, outra integrante da Família, ganhou imunidade no julgamento ao aceitar colaborar na acusação.
Quando da deliberação da pena, que ocorreu apenas em março, Manson e suas garotas apareceram de cabeças raspadas. Todos os quatro receberam pena de morte. Foi o maior, o mais caro e o mais midiático julgamento nos EUA até então.
Manson escapa da pena de morte
Contudo, ainda em 1972 a pena de morte foi abolida no estado da Califórnia… As penas foram transformadas em prisão perpétua, com possibilidade de condicional.
Na época, Charles virou uma espécie de celebridade, com muita gente o defendendo. Virou, depois, objeto de filmes, livros, músicas e até ópera.
Segundo o promotor do caso, Bugliosi, “hoje, quase todo grupo minoritário e rejeitado da América, dos satanistas aos neonazistas, encampou Manson e os venenos de sua virulenta filosofia. Ele se tornou o ícone espiritual deles.”.
Em 1971, seis membros da Família tentaram roubar 140 armas de uma loja, e foram presos. O objetivo era tentar resgatar Manson.
O destino da Família Manson
Manson, hoje com mais de 70 anos, ainda é o prisioneiro que mais recebe cartas nos EUA. Neste período preso, já recebeu algumas punições dentro da prisão (especialmente a “solitária”), inclusive por tramar o assassinato de um presidente dos EUA (Gerald Ford), tentado por uma de suas garotas (Linette Fromme, que pegou prisão perpétua). Já foi penalizado também por vender drogas lá dentro. Muitas vezes teve problemas com outros internos, e já foi, supostamente, envenenado, espancado e até mesmo tentaram colocar fogo nele. Também relata ter sofrido abuso sexual. Em 1974, foi diagnosticada uma psicose aguda.
Seu “x” na testa foi transformado em uma suástica nazista. Em uma entrevista mais recente, Charles Manson disse: “Eu não sinto culpa. Eu não fiz nada que deva me envergonhar.”. Sua condicional foi negada inúmeras vezes. Nem sempre ele comparece à audiência – uma vez, mandou apenas um cartão do jogo Banco Imobiliário: aquele que diz “Saída livre da prisão”…
Já Leslie Van Houten, uma das condenadas, teve comportamento exemplar nas três décadas em que passou presa e, segundo a última avaliação psiquiátrica, não representa mais perigo à sociedade. Ela afirma: “Meu coração dói e parece não haver meios de expressar a dor que eu causei. Eu não sei mais o que dizer.”. Segundo sua advogada, deveria também ser levado em conta que ela usava drogas à época e que, de certa maneira, também era uma vítima de Charles Manson. Contudo, ainda está presa.
Patricia “Kate” Krenwinkel também continua presa.
PATRICIA ''KATE '' KRENWINKEL |
CHARLES ''TEX'' WATSON |
Susan Atkins (ou “Sadie”, como era chamada por Manson) esteve casada por duas vezes, na prisão. A condicional foi negada várias vezes. “Eu não tenho que pedir desculpas somente às vítimas e suas famílias, eu tenho também que me desculpar com a sociedade. Eu pequei contra Deus e tudo que este país preserva.”, disse certa vez. Susan morreu recentemente, de câncer.
Nestas audiências da condicional dos envolvidos, geralmente a irmã de Sharon Tate comparecia e pedia pela manutenção das penas.
Linda Kasabian passou mais um tempo presa, depois, por outros crimes, e hoje não se sabe onde está.
Outros membros não condenados à época também foram parar na cadeia por diversos motivos, incluindo homicídios. Suspeita-se que Manson pode estar envolvido em algumas destas outras mortes, mesmo estando preso, visto que ainda continuou a ter uma boa quantidade de seguidores.
O filho de Manson matou-se, em 1993.
A filosofia de Charles Manson
É interessante a discrepância entre o comportamento, hoje, de Charles e do restante da Família. Nenhum dos outros nega que tenha participado dos fatos, e todos falam em arrependimento. Manson, ao contrário, nega qualquer participação nos eventos. Não seria, portanto, um serial killer, já que nunca matou ninguém…
Em uma entrevista concedida a um programa de TV em 1981 (de conteúdo semelhante a todas as outras concedidas antes ou depois desta data, por sinal), ele fala bastante:
* sobre a liderança que exercia: “Não sou a droga de líder de ninguém e não sou seguidor de ninguém. Eu disse: ‘Façam o que vocês quiserem.’”;
* sobre o “Helter Skelter”: “Era apenas uma música que algumas pessoas cantavam!”;
* sobre a dor que causou: “Eu costumava ter que me deitar e tinha minha bunda invadida até eu não poder andar. Me fale sobre o que é dor… A dor não é ruim, é boa. Ela ensina coisas a você…”;
* sobre sua personalidade: “Eu nunca pensei que fosse normal. Nunca tentei ser normal. Eu não sei nada sobre o que é ser normal. Passei a minha vida inteira na cadeia, cara.
* sobre o egocentrismo: “Eu não gosto de receber atenção. A maioria das pessoas inseguras precisa de atenção. Eu não.”;
* sobre os crimes: “Eu não violei a lei. O juiz sabia disso. Mas as pessoas não queriam ouvir isso. O juiz lavou as mãos. (…) Só porque você foi condenado em um julgamento, isto não quer dizer que você é culpado de alguma coisa.” – neste momento da entrevista, Charles Manson fica irritado com o entrevistador, por ele acreditar em tudo o que leu, e diz que ele parece um “advogadozinho”;
* sobre o assassinato do professor de música: “Eu apenas cortei a orelha dele.” – e afirma que teve motivos para isso, mas os explica de maneira bem vaga;
* sobre seu envolvimento no caso LaBianca: “Nada é ‘sim’ ou ‘não’.” Aqui Charles enrola bastante e não responde, começa a falar até sobre a preservação de baleias…;
* sobre o plano de matar outros artistas: “Se eu quisesse feri-los então eu deveria simplesmente não assistir a seus shows.”;
* sobre sua vida atual: “A prisão está na sua mente, cara, como você bem sabe. Se me perguntam ‘Você está preso?’, eu digo ‘Não, eu simplesmente estou aqui.’”.
Após a entrevista, o repórter falou da impressão que teve de Charles: “Eu acho que ele tem tanto medo de nós quanto nós temos dele…”.Quando, em 1970, Charles Willis Manson apareceu, no início de um julgamento, com um “x” na testa, feito à faca por ele mesmo, ele explicou ao grande número de jornalistas presentes que estava se “xizando” do mundo, que estava “saindo fora”. Na verdade, naquele dia ele só estava oficializando isto. Charles Manson, desde criança, já vivia fora deste mundo de regras e leis.
Charles Manson é um serial killer?
Charles Manson é um caso bastante curioso na galeria dos serial killers. De todos os assassinos em série que tiveram sua identidade descoberta, é, disparadamente, o que encontramos mais resultados em um site de pesquisas como o Google. E, ao mesmo tempo, é o serial killer “que não matou ninguém”. Diretamente, é claro.
Foi condenado por vários assassinatos, mas não encostou em suas vítimas. Foi o mandante? Também não, no sentido clássico deste termo, em que alguém contrata um profissional para realizar o crime. Foi, digamos assim, o mentor, alguém que plantou a idéia na cabeça de seus seguidores e estes foram lá e fizeram o que ele queria.
Uma outra peculiaridade na história de Charles Manson é que os assassinatos (conhecidos) em que esteve envolvido não correspondem exatamente ao que costuma se chamar homicídio em série, o tipo de crime cometido pelo serial killers. Aproximam-se mais do chamado spree homicide, cuja definição é: dois ou mais homicídios, em uma única ocasião, mas em duas ou mais locações diferentes. Os crimes cometidos na casa de Tate e, menos de 24 horas depois, na casa dos LaBianca, talvez podem ser considerados parte de um mesmo evento: o pretendido desencadeamento do “Helter Skelter”, a guerra dos brancos contra os negros. Nos dias imediatamente seguintes a estes dois eventos a Família Manson não cometeu mais homicídios, pelo que se sabe. O assassinato do professor de música também não foi um crime típico de serial killers: havia um interesse econômico por trás dele (tomar posse dos bens da vítima).
Não importa: para todos os efeitos, Charles Manson é considerado por muitos umserial killer. E mais: um dos mais nefastos que já existiu. Porque, se o seu plano vingasse, praticamente metade da população da Terra (os brancos) deveria morrer!
Psicopata
Pela sua história, podemos concluir que Manson possui um transtorno de personalidade anti-social (TPAS) – isto é, é o que comumente se chama de “psicopata”. Desde antes dos 18 anos já se envolvia em muitas atividades criminais, além de um demonstrar comportamento violento (ao sodomizar colegas de detenção). O abandono materno não justifica todo este comportamento.
Sua vida, já adulto, foi uma seqüência de crimes (a maioria não muito violentos) e prisões. Os crimes realmente sangrentos começam por volta dos 35 anos.
Entretanto, estes não tem o padrão semelhante aos cometidos pela maioria dosserial killers. Como dito, não há o período de cold-off (resfriamento) entre eles. Não há o prazer sádico de matar com as próprias mãos, já referido por tantos outros assassinos em série. E, por fim, há uma ideologia por trás dos crimes de Manson, o “Helter Skelter”. Esta ideologia poderia ser sintoma de uma outra doença, chamada hoje de transtorno delirante persistente (antigamente, “paranóia).
Paranóia
O transtorno delirante persistente (TDP), como o próprio nome sugere, é caracterizado pela presença de um delírio (ou um conjunto de delírios inter-relacionados), que duram, no mínimo, meses (às vezes a vida toda), sem a presença de outros sintomas de esquizofrenia, como alucinações.
Para a Psiquiatria, esta atitude de extrair interpretações totalmente distorcidas de fatos reais, como “descobrir” que haveria uma guerra racial através de uma música dos Beatles, seria um delírio. De conteúdo místico e grandioso, já que Charles seria o “rei do mundo”, após a guerra.
O transtorno de personalidade anti-social, apesar de presente, não seria necessário para os crimes, caso Manson tivesse mesmo o transtorno delirante. E deveria ter, porque não há outros motivos típicos para os assassinatos: não eram para roubo; não havia a necessidade, para Charles, de cometê-los com as próprias mãos; o motivo (a guerra) foi revelado antes, aos que os praticaram.
Manipulação?
Mas por outro lado, talvez o próprio delírio não fosse mesmo de verdade, mas apenas mais um modo de manipular seus seguidores. Por quê? Porque, depois que foi pego, Charles nunca assumiu esta história de “Helter Skelter”. No transtorno delirante persistente pode haver cura espontânea, isto é, sem tratamento. Contudo, quando isto ocorre, o paciente deixa de acreditar no que achava ser verdadeiro, mas geralmente não esquece-se do acreditou nem nega que tivesse acreditado.
A única forma de pensarmos que realmente Charles acreditava no “Helter Skelter” é assumirmos que pode existir um transtorno delirante onde o acometido tenha um certo insight sobre o fato de estar delirando – isto é, ao mesmo tempo em que delirasse, teria consciência de que considerariam suas crenças como um delírio e, por isto, evitaria falar sobre elas. Assim, quando fosse necessário, ele disfarçaria bem a sua “loucura”. Conseguiria fazer isto porque não seria totalmente insano.
Porém, em uma carta para a avaliação de condicional, Manson deixou escapar: “Vocês condenaram a si mesmos, colocando o filho de Deus na prisão novamente.”…
Charles Manson: conclusão
Ou seja, a hipótese mais provável para o caso Charles Manson é de que se trata mesmo de um psicopata e, ao mesmo tempo, de um paranóico. Ao mesmo tempo, inteligente, sedutor, manipulador.
Nunca tratado. Perigoso, ainda, portanto.
Em uma sequência de 10 fotos, contamos um pouco da vida de Susan Atkins, seguidora do famoso serial killer Charles Manson.
SUZAN ATKINS
1. No fim da década de 60, várias pessoas seguiam Charles Manson, um ex-presidiário que se tornara um guru que via mensagens nas músicas dos Beatles e queria estabelecer uma nova ordem mundial, o “Helter Skelter”. Susan Atkins era uma das garotas que se juntou ao rancho de Manson, onde sexo, drogas e rock n’ roll corriam soltos.
Susan Atkins no auge da juventude
2. Em uma batida ao rancho, Susan e outros da “Família Manson” foram presos por pequenas ilegalidades.
3. Na cadeia, Susan Atkins disse a uma colega que havia matado a atriz Sharon Tate – crime que havia causado grande comoção há pouco tempo. Sharon Tate era esposa do diretor de cinema Roman Polanski e estava grávida. Susan Atkins disse que provou do sangue de Sharon Tate e que queria retirar o bebê de sua barriga.
4. Investigações concluem que a Família Manson estava mesmo envolvida no crime, e vários vão a julgamento. No julgamento, Susan Atkins e outros se comportavam de forma estranha, rindo, despreocupados. Lesados pelas drogas? Simulando loucura? Lavagem cerebral feita por Charles Manson?
5. Quando era julgado, Charles Manson apareceu com um “x” na testa, feito a faca, aparentemente. Representava sua exclusão simbólica deste mundo. Seus seguidores o copiaram, incluindo Susan Atkins.
6. Quanto mais Manson e seus seguidores pareciam “loucos”, mais a mídia cobria o caso. Susan era uma das mais procuradas pelos fotógrafos.
7. A Família Manson radicalizava e escandalizava. O julgamento demorou meses – um dia apareceram de cabeça raspada.
8. Susan Atkins e outros foram condenados à morte. Mas as leis do Estado mudaram, pouco depois, e suas penas foram transformadas em prisão perpétua. O tempo passou, e Susan começou a tentar obter liberdade condicional. Afirmava não ser mais perigo para a sociedade.
9. Em 2001, uma foto de identificação criminal mostrou uma Susan Atkins já envelhecida.
10. Em 2009, Susan tentou novamente a liberdade. Estava com câncer terminal, teve uma perna amputada. Mas, novamente, a liberdade foi negada. Estava presa por cerca de 4 décadas de sua vida.
Susan Atkins: câncer terminal e liberdade negada
Poucos dias após a negativa da condicional, Susan Atkins morreu, em 25 de setembro de 2009.
Lynette Fromme
uma das seguidoras do famoso serial killer Charles Manson, deixou a cadeia em (14/08/09), após 34 anos presa. Ela tem atualmente 60 anos, e havia sido condenada à prisão perpétua por ter ameaçado, com um revólver, Gerald Ford, quando este era nada menos que o presidente dos Estados Unidos.
Os seguranças do presidente perceberam a situação e detiveram Lynette.
Suspeita-se que a tentativa de homicídio possa ter sido ideia de Charles Manson, que, mesmo preso à época, ainda continuava a dar comandos a seus seguidores, que formavam a “Família Manson”.
Lynette Fromme foi a primeira condenada por uma lei surgida após o assassinato do presidente John Kennedy – esta nova lei federal determinava que ataques contra o presidente resultariam em prisão perpétua.
Lynette Fromme ganhou a liberdade condicional por ter apresentado bom comportamento, apesar de uma tentativa de fuga em 1987 (conseguiu ficar dois dias fora da prisão e disse que fugiu para estar mais próxima de Charles Manson).
E agora, será que Lynette irá tentar visitar Manson?!
Charles Manson está preso em Corcoran, na Califórnia (EUA), e já passou dos 70 anos.
Mesmo assim, a Justiça ainda o considera perigoso para a sociedade, e sempre recusa seus pedidos de condicional.
E você, acha que a “vovó” Lynette Fromme deveria mesmo ter sido solta, ou ainda é perigosa?
AS GAROTAS DO MANSON
Diane Lake "Snake"
Susan Atkins "Sadie Mae Glutz"
Leslie Van Houton
Patricia Krinwickle "Katie"
Nancy Pittman "Brenda"
Lynnette Fromm "Squeaky"
Ruth Ann Moorehouse "Ouish"
Sandra Good "Blue"
Linda Kasabian
Catherine Share "Gypsy"
Cathy Gillies "Cappy"