quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Catacumbas de Paris

A cidade secreta nas Catacumbas de Paris

Em agosto de 2004, a Polícia de Paris entrou em pânico. A crise foi durante uma busca nas galerias que ficam debaixo da Praça do Trocadéro. Sim, a praça por onde passam milhões de pessoas por ano, afinal o lugar oferece a melhor vista da Torre Eiffel. Ao entrarem nas galerias, que teoricamente são de acesso proibido ao público, os policias encontraram algo inesperado: um cinema.
Ocupando uma área de 400 metros quadrados, o cinema clandestino tinha até bar e restaurante e parecia ser usado com frequência. Pelo menos é o que indicavam as garrafas de whisky, os filmes e a ligação elétrica em funcionamento. Os oficiais saíram em busca de reforços. Ao voltarem, não encontraram nada – tudo tinha sido removido. No lugar, apenas um bilhete: “Não procurem”.


Essa é uma história real e pode ser encontrada em diversos jornais e sites de notícias, embora um ou outro aspecto varie de acordo com a fonte consultada. Há quem diga que a descoberta foi por acaso, durante uma operação de rotina do esquadrão de Polícia especializado em patrulhar o subterrâneo de Paris. Por outro lado, os donos do cinema garantem que a descoberta só foi possível porque um ex-membro do grupo deu com a língua nos dentes.


E os policiais? Fizeram o quê? “Eles ficaram completamente loucos. Chamaram o esquadrão antibombas, cães farejadores, o esquadrão antiterrorismo. Levaram o caso para a rede nacional de TV, mas não tinham uma pista sequer de quem nós eramos”, declarou Lazar Klausmann ao The Guardian, duas semanas depois. Desde então, Lazar Klausmann – provavelmente um pseudônimo – virou o porta-voz da sociedade secreta que ergueu o cinema e organizou festivais clandestinos lá por anos.

Os membros do La Mexicaine de Perforation, uma braço de um grupo secreto muito maior e que existe há mais de 30 anos em Paris, o UX, abreviatura de Urban eXperiment. Naquele ano, o La Mexicaine de Perforation organizava um festival de cinema clandestino debaixo do Trocadéro.
Na programação estavam clássicos como “Um Homem com uma Câmera”, do cineasta russo Dziga Vertov, filmes franceses das décadas de 1950 e 1960 e até obras dos anos 90, como “Clube da Luta”. Mas antes de falarmos mais sobre as atividades dessa sociedade secreta, um parênteses. Para entender melhor essa história, é preciso saber mais sobre outro segredo de Paris: as catacumbas.


O cinema ficava no subsolo dessa praça, vista do alto da Torre Eiffel


“Pare! Este é o Império da Morte”. É isso que você lê quando se aproxima de uma das principais entradas das Catacumbas de Paris, ponto turístico tradicional da cidade. Eu já te contei essa história aqui no blog, mas, caso você não tenha lido o relato, vou fazer um resumão.
Paris foi uma cidade do Império Romano. Após dois milênios de ocupação humana, a capital da França chegou ao século 18 com um problema de superlotação nos cemitérios. Em alguns casos, até 1.500 corpos dividiam a mesma tumba. Com isso, a cidade sofria com doenças. E, vamos concordar, epidemias só aumentavam o problema da falta de moradia dos mortos.

Entrada de um dos túneis das Catacumbas de Paris

A solução encontrada pelo Rei Luís 16 – sim, aquele que mais tarde foi decapitado pela Revolução Francesa – foi juntar um problema com o outro: ele ordenou a remoção dos ossos de milhões de parisienses, que foram abruptamente retirados dos cemitérios. Não há registros de como foi a conversa entre o responsável pela obra e o Rei.
Paris tem 300 quilômetros de galerias subterrâneas. Conhecidas há séculos, elas foram um problema na mesma época em que os mortos aterrorizavam a cidade. No caso das galerias, a causa foi uma série de desabamentos. Essas galerias foram construídas por antigas mineradoras, que retiraram dali as pedras para construir Paris. Que cresceu, cresceu, cresceu… até ocupar toda a área acima das galerias.
É claro que nem todos os 300 quilômetros são cobertos por ossos – a maior parte desse lado B de Paris não virou morada de mortos. Ainda assim, é fácil entender porque o termo “catacumbas” passou a designar todas as galerias subterrâneas da cidade, não apenas a parte que virou o maior ossuário do planeta. Essa imagem abaixo tem mais impacto do que um corredor escuro, estreito e sem nada além de pó.


Ossos em trecho oficial das Catacumbas de Paris. Não, o subterrâneo de Paris não é todo assim.
As galerias tiveram diversos usos ao longo dos últimos dois séculos. Um dos mais divertidos deles foi inventado por estudantes universitários, principalmente os que viviam no Quartier Latin, um bairro de Paris. Eles usavam as galerias para organizar festas de arromba. Sim, o povo ia para debaixo da terra só para encher a cara.
O escritor norte-americano Ernest Hemingway, que viveu em Paris após a Primeira Guerra Mundial, fala até de bares que davam acesso às Catacumbas. O relato está no livro “Paris é uma Festa”.
Tantas festas de vivos no Império dos Mortos acabaram incomodando o Governo, que na década de 1950 proibiu o acesso às Catacumbas. Hoje, só pode ser visitado o trecho oficial, de dois quilômetros. Todo o resto é proibido e constantemente monitorado pelo esquadrão de polícia que existe só para isso. O que não significa que ninguém passe pela parte proibida das catacumbas, como fica claro pela descoberta do cinema clandestino, em 2004.
Segundo estimativas extra-oficiais, cerca de 300 parisienses vagam pelas catacumbas semanalmente. Quem é pego andando por essas bandas paga uma multa de 60 euros, mas logo é liberado. Há quem diga que os policias não se preocupam nem em confiscar os mapas usados pelos exploradores do submundo.


Trecho das catacumbas que pode ser vistado legalmente
Os cataphiles

As pessoas que vagam (ilegalmente) pelas Catacumbas de Paris têm nome e até verbete na Wikipédia: são os cataphiles. Eles entram por bueiros, estações de metrô ou até entradas criadas por outras gerações de exploradores.
Não é difícil achar relatos de quem se aventura assim. No site RFI, o jornalista Marco Oved conta como foi a experiência dele ao cometer uma contravenção em Paris. “A primeira coisa que você precisa é um guia”, explica ele. E isso não é fácil de achar, mesmo com a grande quantidade de sites que existem sobre o assunto. Afinal de contas, os verdadeiros peritos nas catacumbas estão num grupo secreto.
Após pesquisar durante meses, o telefone do Marco tocou. Era uma sexta-feira, quase noite. “Vamos descer em uma hora. Se quiser ir, esteja pronto”, falaram com ele. Que topou, lógico. “O lugar é apertado e úmido, mas não é sujo. E, para o meu alívio, não vi ratos nem insetos. Alguns túneis tem dois metros de altura, outros a metade disso”.


Túnel alagado, nas catacumbas. 

Para ser guiado até lá, o cara teve que prometer nunca contar onde fica a entrada. Apesar do segredo, todo fim de semana as Catacumbas lotam de exploradores. “Nós encontramos um grupo de pessoas jantando ao redor de uma pequena mesa de pedra, iluminada por um candelabro. Eles tinham queijo e escutavam música”, escreveu ele.
Outro relato interessante está no site Les Secrets de la Ville de Lumiere, disponível aqui. Nele, um casal de turistas norte-americanos conta como foram guiados por cataphiles ao subterrâneo de Paris. “Nós encontramos um cara vestindo uma camiseta haviana e sandálias. Ele estava tomando cerveja e disse que era um CataHawaiian”, escreveram eles.

Segundo o site The Independent, os cataphiles têm três regras:

1) O que vem para baixo precisa subir novamente. Ou seja, nada de descartar lixo nas Catacumbas.

2) “Nunca fale sobre sua vida acima da terra”. Os cataphiles mantém muitos dos aspectos de suas vidas em segredo.

3) “Nunca confie em ninguém”. Por isso, não espere ser convidado para visitar as catacumbas durante uma passagem rápida por Paris. Ao contrário do que rola na superfície, turistas são raros por ali.


Ossos humanos em túnel das catacumbas

E ainda bem. Explorar um labirinto de 300 quilômetros não é tarefa para qualquer um. E sim, é perigoso. Ou você acha que a proibição de entrar lá é sem motivo? O maior risco é se perder lá embaixo e nunca mais achar o caminho de volta. Isso já aconteceu. A história mais famosa é de Philibert Aspairt. Em 1793, ele entrou nas catacumbas e se perdeu. Philibert só foi encontrado 11 anos mais tarde. Morto.
Há quem diga que essa história é uma lenda urbana. De qualquer forma, o certificado de óbito é bem real, assim como uma tumba construída para ele lá embaixo. A epígrafe (foto abaixo) diz o seguinte: “Em memória de Philibert Aspairt, que se perdeu nessas galerias no dia 3 de novembro de 1793. Foi encontrado onze anos depois e enterrado no mesmo lugar”. Quer ver essa tumba com seus próprios olhos? Vá na parte oficial das Catacumbas. Basta enfrentar a fila e pagar oito euros.
A conclusão é óbvia: não entre na parte proibida das catacumbas. A não ser que você tenha um guia experiente no assunto, alguém que tenha um mapa. Sim, existem mapas. E muitos deles estão com membros de sociedades secretas de Paris.


Tumba de Philibert Aspairt 

As sociedades secretas do submundo de Paris

Tudo começou em 1981. Naquele ano, seis adolescentes entraram nas Catacumbas. A partir de uma das galerias, conseguiram invadir o subsolo de um prédio do governo. Eles vagaram pelo prédio por horas, até encontrarem um tesouro: mapas que mostravam todos os túneis da cidade.
Esses adolescentes passaram os anos seguintes desbravando o desconhecido. Foram eles que fundaram, ainda na década de 80, o UX, grupo secreto citado no começo do texto – alguns deles não curtem o rótulo de “cataphiles”, afinal eles são mais que isso. Eles são exploradores urbanos. Com os mapas e o conhecimento acumulado durante anos, o grupo, agora formado por centenas de adultos, muitos deles artistas com mais de 40 anos, resolveu ajudar a cultura da cidade.
Hoje, o UX tem vários braços. O Untergunther é um deles, um grupo clandestino que invade prédios públicos e… restaura patrimônios que foram abandonados pelo governo. O trabalho mais famoso deles foi consertar o relógio do Panteão de Paris, que estava sem funcionar há cerca de 40 anos.


Já o La Mexicaine de Perforation é o braço que cuida de eventos culturais em lugares como as catacumbas. O cinema descoberto pela polícia foi apenas um dos muitos montados pelo grupo. Enquanto você lê este texto, com certeza existem outros cinemas do tipo, espalhados pelos subterrâneos da cidade.
Lazar Klausmann, o porta-voz do grupo, diz que as investigações da polícia nunca vão impedir o avanço das ações nos subterrâneos de Paris. E garante: eles têm certeza que não fazem nada de errado. “Com aquele cinema, nós deveríamos ter sido premiados por restaurar e preservar uma parte do patrimônio subterrâneo da França. As cavernas estavam em péssimo estado”, explicou ele, ainda em 2004. Eu concordo. Fora isso, a dúvida é saber como ser convidado para uma sessão de cinema nas catacumbas de Paris.











Foto: Moeqrie/Flickr

Foto: Laika ac/Flickr


Incêndio no Edifício Joelma


Incêndio no Edifício Joelma



O edifício em 2014. Foto de André Luiz Pereira Nunes
Localização São Paulo, Brasil
Data 1 de fevereiro de 1974(42 anos)
Resultado 191 mortos, 300 feridos


Incêndio no Edifício Joelma foi um incêndio ocorrido em 1 de fevereiro de 1974 em um edifício em São Paulo, que provocou a morte de 191 pessoas e deixou mais de 300 feridas.


O incêndio

Concluída sua construção, em 1972, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado ao Banco Crefisul de Investimentos. No começo de 1974 a empresa ainda terminava a transferência de seus departamentos quando, no dia 1 de fevereiro, uma chuvosa sexta-feira às 8h45 da manhã, um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12° andar deu início a um incêndio que rapidamente se espalhou pelos demais pavimentos. As salas e escritórios do Joelma eram configurados por divisórias, com móveis de madeira, pisos acarpetados, cortinas de tecido e forros internos de fibra sintética, condição que contribuiu sobremaneira para o alastramento incontrolável das chamas.


Quinze minutos após o curto-circuito era impossível descer as íngremes escadas que, localizadas no centro dos pavimentos, não tardaram a serem bloqueadas pelo fogo e a fumaça. Os corredores, por sua vez, eram estreitos. Na ausência de uma escada de incêndio, muitas pessoas ainda conseguiram se salvar ao contrariar as normas básicas e descer pelos elevadores, mas estes também logo deixaram de funcionar, quando as chamas provocaram a pane no sistema elétrico dos aparelhos e a morte de uma ascensorista no 20° andar.
Nos braços da mãe, que saltou para a morte no 15° andar, uma criança de um ano e meio foi salva em um dos episódios mais dramáticos do incêndio. A multidão acompanhou o salto bem em frente ao prédio. 


O choro da criança, levada imediatamente ao Hospital das Clínicas, foi ouvido logo após o impacto da queda. No último andar do prédio, segundo o depoimento de Ivã Augusto Pires, coordenador do Serviço de Transportes da Câmara, um rapaz jogou-se ao chão e aproximou-se de gatinhas da borda do terraço. Mas uma labareda fez com que ele escorregasse e ficasse suspenso no ar, segurando no parapeito até não mais aguentar e despencar na rua.
Sem ter como deixar o prédio, muitos tentaram abrigar-se nos banheiros e parapeitos das janelas. Outros sobreviventes concentraram-se no 25° andar que tinha saída para dois terraços. Lembrando-se de um incidente similar ocorrido no Edifício Andraus, dois anos antes, em que as vítimas foram salvas por um helicóptero que pousou em um heliporto no topo do prédio, elas esperavam ser resgatadas da mesma forma.


Na rua os bombeiros tentavam agir em meio à confusão estabelecida pela Polícia Civil, curiosos, PMs, médicos, enfermeiros, soldados do Exército e até escoteiros. Homens e mulheres, alguns em trajes menores, os rostos escurecidos pela fuligem, agitavam-se freneticamente nas janelas tentando chamar a atenção. Mas os helicópteros não conseguiam pousar no terraço escaldante e seus cabos de aço pendiam inutilmente. As escadas Magirus, de 40 metros, não chegavam aos andares mais altos.


No 20° andar, seis pessoas equilibravam-se em um pequeno patamar. Quase não havia lugar para todas. Um rapaz de terno azul agarrava-se muito precariamente a uma parte saliente, uma das pernas já do lado de fora do edifício, como se fosse saltar. Embaixo, os bombeiros acenavam e pediam calma. O fogo acabou, só um pouco mais de paciência, gritava um policial por um megafone. Outros pintaram num amarelo muito vivo, sob grandes faixas de pano - O fogo já apagou! e Coragem, vamos salvá-los! O som do megafone aparentemente não chegou a eles, mas ao ver as faixas um dos rapazes fez um sinal positivo com o polegar, puxou um lenço verde e acenou.

Resgate


O Corpo de Bombeiros recebeu a primeira chamada às 9h03 da manhã. Dois minutos depois, viaturas partiram de quartéis próximos, mas devido a condições adversas no trânsito só chegaram no local às 9h10, quando as chamas já atingiam o 20° andar e várias pessoas começaram a se atirar do prédio.


O socorro mobilizou 1.500 homens, entre bombeiros e tropas de segurança, as equipes de cinco hospitais estaduais e outros particulares, quatorze helicópteros, trinta e nove viaturas e todas as ambulâncias da rede hospitalar. Todos os carros-pipa da Prefeitura e vários particulares, além de um grande número de voluntários que antecederam os pedidos das autoridades para doação de sangue. Afim de garantir o livre acesso de ambulâncias e de veículos dos bombeiros ao prédio incendiado, convocaram-se tropas de choque do Regimento 9 de Julho, do Exército e da Polícia Militar, além da Companhia de Operações Especiais e do Departamento do Sistema Viário. Um esquema de emergência foi armado nas imediações do prédio onde se concentraram milhares de curiosos.
Aos 250 bombeiros da capital, juntou-se o reforço de um destacamento de Santo André. Policiais Militares especializados, da Companhia de Operações Especiais (COE) também participaram do trabalho de socorro. Quando a primeira guarnição chegou, comandada pelo sargento Rufino, o fogo consumia só o centro do prédio, mas avançava rapidamente para tomar toda a estrutura. O sargento lamentou não ter podido vir de helicóptero para lançar cordas e escadas pelas laterais ainda intactas do edifício. Como estavam de carro-tanque e as escadas Magirus ainda não haviam chegado, começaram a atirar cordas para subir. O sargento conta que ao chegar ao 12° andar, sua primeira providência foi apagar três corpos em chamas. Logo que uma das quatro escadas Magirus foi instalada, organizou a descida.


Ele carregava pela escada uma menina desmaiada quando uma pessoa se jogou do 19° andar e bateu no corpo de uma outra, que também se jogara do 16°. O peso dos dois arrancou a garota de suas costas e ele só não caiu porque seu pé se enganchou num dos ferros laterais da escada. Na queda morreram dois, mas o que pulou do 19° andar se salvou com ferimentos graves. Os bombeiros usaram quatro jatos de água combatendo o fogo, mas logo de início tiveram problemas, pois os hidrantes da região estavam com defeito. A solução chegou quando a Prefeitura enviou ao local trinta caminhões-pipa. A exemplo do que ocorrera no incêndio do edifício Andraus, faltavam equipamentos, embora desta vez tenham podido usar duas novas escadas de 45 metros que foram anexadas às menores para chegar ao 16° pavimento.


Enquanto um grupo de bombeiros tentava penetrar no prédio, outros procuravam salvar pessoas que se encontravam nas janelas pela parte externa com as Magirus. Um helicóptero do SAR, da FAB, fazia o resgate dos sobreviventes que se encontravam no telhado e que eram auxiliados por homens do COE e pelos tripulantes. Outros treze helicópteros do Governo e de empresas particulares não puderam aproximar-se muito, mas atiraram cordas, sacos de leite e água e tubos de oxigênio aos que se achavam no teto. Depois participaram do transporte dos feridos para os hospitais.
De acordo com o testemunho de um bombeiro, passava das dez da manhã quando os corpos começaram a cair como moscas. Todos queriam sair do edifício de qualquer maneira. Alguns chegaram a pular três andares, com o risco de despencar, para alcançar os andares inferiores onde chegavam as Magirus. O primeiro a se atirar estava no 15° andar. Durante mais de uma hora ele gritou por socorro, desesperado, as vezes encoberto pela fumaça. Pessoas apavoradas tentavam fazer cordas com tiras de pano, que acabavam arrebentando, não resistindo ao peso do corpo humano. Uma mulher, só de calcinha e sutiã, morreu assim, a cabeça esmigalhada na calçada.
Os cadáveres se amontoavam na rua cobertos por cobertores, jornais e capas de chuva. Vários minutos depois, um caminhão da polícia e algumas ambulâncias recolheram os primeiros cadáveres e os levaram ao Instituto Médico Legal. No 8° andar os bombeiros encontraram pelo menos onze cadáveres abraçados. O fogo tinha praticamente soldado os corpos.


No 12° andar, dezessete pessoas que o capitão Mazzelli, comandante do COE, pretendia salvar, já estavam mortas quando ele chegou. O oficial subiu com um destacamento especializado. Diante do quadro trágico, cinco mortos no banheiro e doze no saguão, o batalhão começou a sentir-se mal e teve que ser retirado pelo helicóptero. Em outra tentativa de salvamento pelo pessoal da FAB, os bombeiros não conseguiram descer no telhado, não somente pelo intenso calor, mas pelo forte cheiro de carne incinerada. 


Em volta do edifício a multidão rompia os cordões de isolamento e os militares precisaram muitas vezes usar da força para conter os curiosos. As operações eram orientadas pelo próprio Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel Teodoro Cabette, e pelo Secretário de Segurança Pública, General Sérvulo Mota Lima, que foram para a área logo que tomaram conhecimento da tragédia. Policiais e bombeiros lamentaram que muitas pessoas tenham morrido por falta de calma ao se atirarem do prédio.


Apenas uma hora e meia após o início do fogo é que o primeiro bombeiro conseguiu, com a ajuda de um helicóptero do Para-Sar, o único potente o suficiente para se manter pairando no ar enquanto era feito o resgate, chegar ao telhado. Já então muitos haviam perecido devido à alta temperatura no topo do prédio, que chegou a alcançar 100 graus celsius. A maioria dos sobreviventes conseguiu se salvar por se abrigar sob uma telha de amianto. Quinze bombeiros ficaram intoxicados pela fumaça e muitos fizeram críticas por conta do parco equipamento que dispunham, além dos regulamentos então vigentes de prevenção a incêndios na capital. O Código de Obras do Município de São Paulo, datado de 1934, não dispunha da obrigação de instalações de equipamentos contra o fogo e nem exigia a construção de escadas de emergência. Os recursos concedidos ao Corpo de Bombeiros eram insuficientes, assim como o efetivo da corporação era bastante diminuto.
Por volta de 10h30 da manhã o fogo já havia consumido praticamente todo o material inflamável do prédio. O incêndio foi finalmente debelado com a ajuda de doze autobombas, três autoescadas, duas plataformas elevatórias e o apoio de dezenas de veículos de resgate.
Apenas às 14h20, todos os sobreviventes haviam sido resgatados.

Sequência da tragédia


8h45 - Início do incêndio no 12° andar. Um curto-circuito no ar condicionado seguido de uma explosão inicia a tragédia. Em pouco mais de 5 minutos as chamas chegariam ao 25° andar.
8h49 - As chamas atingem o 13° andar. Tem início o pânico.
8h55 - Os grandes rolos de fumaça são vistos em todo o centro da cidade. Correria geral. Os bombeiros são informados do incêndio pelos porteiros do Hotel Cambridge.
9h - As chamas tomam conta de praticamente todo o miolo do prédio e a fumaça é geral.
9h05 - No topo do edifício inúmeras pessoas se aglomeram, enquanto outras conseguem sair pelo andar térreo. As chamas continuam subindo e chegam ao 20° andar. Ao longe se ouvem as sirenes dos bombeiros e das ambulâncias.
9h10 - As duas primeiras viaturas do Corpo de Bombeiros chegam quando algumas pessoas já se atiram do alto do edifício.
9h15 - As primeiras ambulâncias chegam e começam a remover alguns corpos estendidos no asfalto.
9h20 - Inúmeras pessoas se jogam do alto do edifício.
9h25 - Chegam mais ambulâncias e viaturas do Corpo de Bombeiros. Os primeiros carros-tanque aparecem.
9h30 - A confusão é total na área e a polícia coloca cordões de isolamento. A multidão fica nas proximidades do Viaduto do Chá, Vale do Anhangabaú, Praça da Bandeira, Avenida 9 de Julho, Rua Xavier de Toledo e Viaduto Maria Paula. Na Ladeira da Memória as pessoas se ajoelham para rezar.
9h35 - Chegam as unidades móveis de saúde da prefeitura. Os helicópteros da Prefeitura, do Estado, da FAB e de firmas particulares se aproximam, sendo aplaudidos pela multidão. Algumas explosões, talvez de botijões de gás, aumentam o pânico. Caem vitrais do prédio na Rua Santo Antônio. Bombeiros e policiais empurram a multidão. Algumas pessoas improvisam uma corda, com uma cortina, e descem até a escada Magirus. Do 14° andar um corpo cai na Rua Santo Antônio.
9h40 - Diversas pessoas se jogam dos andares e os bombeiros lançam quatro grandes e longos jorros d'água sobre o prédio já totalmente tomado pelas chamas. Os primeiros destroços caem no asfalto, misturando-se aos corpos estendidos. O trânsito da cidade está completamente engarrafado e já pode ser calculado em torno de 500 mil o número de pessoas que se aglomeram no centro para ver o incêndio. Uma mulher que descia por uma corda improvisada, cai, escorregando de cabeça para baixo, até atingir o primeiro grupo de pessoas que trabalham no resgate e que detêm sua queda. Um estrondo no centro do edifício produz uma luz azulada. Outro corpo cai.
9h45 - A confusão é total e o Corpo de Bombeiros coloca uma escada Magirus, conseguindo salvar do 13° andar pelo menos treze pessoas que descem rapidamente. Uma garota se joga do alto do edifício.
9h50 - No local já se encontram o Secretário da Segurança Pública do Estado, o Comandante da Polícia Militar e o prefeito Miguel Colasuonno. Um corpo de homem cai na calçada da Avenida 9 de Julho junto às viaturas do bombeiros. A seguir, outro corpo, justamente quando três helicópteros sobrevoavam o local, tentando o salvamento.
9h55 - No topo do edifício a confusão é total. A multidão implora e frases são escritas no asfalto pedindo calma, muita calma. Algumas pessoas ameaçam se jogar. Outras atiram roupas e sapatos. Alguns são vistos nas janelas dos banheiros de alguns andares à espera de socorro. Uma mulher, no 13° andar, ao lado de mais três pessoas, faz o sinal da cruz, e salta para a escada dos bombeiros que chegava apenas ao 12° andar. É salva.
10h - Os bombeiros começam a retirar através de escadas alguns sobreviventes nas janelas do prédio e nos vãos dos andares. As operações de salvamento duram entre 20 e 30 minutos. Os helicópteros tentam encostar-se mais nas paredes para salvar pessoas nas janelas e no topo do edifício. Um rapaz, no 16° andar, tira as roupas e faz uma corda para chegar ao 13°. Por ela descem outras pessoas. Quando chegou sua vez, despencou para a morte. No asfalto, em letras enormes, brancas e amarelas, lê-se: "Deitem-se e esperem o salvamento".
10h05 - Chegam helicópteros particulares, do Governo do Estado e da Força Aérea Brasileira que usam como base de operações o heliporto da Câmara Municipal, distante cerca de 100 metros do local da tragédia.
10h10 - Um rapaz, que tinha tentado descer pela corda improvisada do 16° ao 13° andar, despenca-se por cima da Magirus, e derruba na queda mais três pessoas, inclusive um bombeiro. Todos morreram. Os bombeiros tentam levar a Magirus até o 19° andar, onde se encontram quatro pessoas. Não conseguem. Jogam água e pedem calma.
10h15 - Chegam ambulâncias do INPS e de instituições particulares. Litros de leite, medicamentos e cobertores chegam também para atender aos pedidos feitos pelos médicos que assistem os feridos no heliporto da Câmara. Soros, antibióticos, seringas hipodérmicas são recebidas. Junto ao marco da Bandeira é instalado um posto ao ar livre para doadores de sangue. Centenas de pessoas formam duas grandes filas. Mais duas pessoas se atiram do alto do edifício.
10h20 - Os helicópteros se movimentam rapidamente, enquanto a Praça da Bandeira é transformada num campo de feridos, sobreviventes e pessoas que são medicadas e depois levadas aos hospitais e pronto-socorros. A escada Magirus chega ao 19° andar, retirando 12 pessoas. O helicóptero da FAB transporta, pendurado num cabo, o oficial Caldas, da Polícia Militar. Não consegue resgatar ninguém, mas chega junto às janelas ocupadas por pessoas, no lado da Rua Santo Antônio, e procura encorajá-las.
10h25 - Árvores são derrubadas a machadadas para permitir o pouso de helicópteros na praça. Bombeiros, com megafones, gritam para os que estão descendo pela Magirus: "Atenção! Atenção! Segurem-se bem na escada! Desçam com firmeza!" Nesse momento, com o fogo já reduzido, outro corpo cai.
10h30 - Bombeiros intoxicados são recolhidos pelas ambulâncias. No 19° andar, cinco pessoas começam a se desesperar. Tentam-se atirar pela janela porque o fogo se aproxima. Bombeiros pedem calma. Surgem problemas com as mangueiras, pois muitas delas estavam furadas.
10h40 - Um helicóptero pousa no prédio vizinho, o San Patrick e salva duas pessoas. A multidão aplaude.
10h50 - O fogo diminui, mas ainda é intenso, principalmente no interior do edifício. Do 18° andar em diante. Os bombeiros continuam jogando água. O chão do topo do edifício arrebenta. Mais uma pessoa salta da laje.
10h55 - Há muita gente ainda no 19° e no 20° andar. No 14°, um rapaz, Celso Bidinger, evita que uma moça se atire. Foram salvos pela Magirus.
11h - Os bombeiros conseguem penetrar até o 11° andar. O médico, Vanderlei Peixoto, do Hospital das Clínicas, que atendia às vítimas no local, é removido para o próprio hospital, intoxicado pela fumaça.
11h10 - Alguns bombeiros por cordas descem no terraço do edifício para acalmar algumas pessoas. Mas é tarde demais. Dezessete pessoas estão mortas no topo do Joelma. Um reforço de 50 homens da cavalaria é acionado para afastar a multidão.
11h30 - O edifício é um imenso rolo de fumaça e já não se veem mais chamas. A preocupação maior é salvar os sobreviventes, operação que começa logo depois com os bombeiros entrando no prédio para retirar as vítimas fatais.
11h35 - Bombeiros tentam retirar no 19° andar um senhor de terno marrom que estava encostado à janela, demonstrando tranquilidade.
11h40 - Surgem rumores de que o edifício vai desabar. Correria geral.
11h45 - Os primeiros corpos carbonizados aparecem e são levados para o Instituto Médico Legal (IML).
11h50 - Mais um carro funerário sai do local, com sete corpos. Correm rumores de que mais de 30 pessoas saltaram do prédio.
11h55 - Um grupo de seis pessoas é retirado das janelas.
12h00 - Continua o esforço dos bombeiros em resgatar, no 19° andar, o isolado sobrevivente.
12h30 - Somente o helicóptero da FAB consegue se aproximar do prédio devido ao forte calor.
12h35 - Outras sete pessoas, que ainda estavam no 19° andar, são salvas. Até agora o número de salvos é de 80.
12h40 - Enquanto os corpos continuam sendo retirados, outro homem é salvo.
13h - A fumaça só é intensa quando os helicópteros sobrevoam o edifício. Novos corpos saem.
13h45 - Joel Correia afirma ter visto de seu escritório, localizado no 31° andar do edifício Conde Prates, na Rua Libero Badaró, 239, algumas pessoas com vida, no 21° andar do edifício.
14h - Os dois últimos sobreviventes são retirados das janelas pelos bombeiros. O fogo já está sob controle e continua a operação de retirada dos corpos queimados que vai até o início da noite. Os bombeiros afirmam não haver mais ninguém com vida no prédio.
14h10 - Bombeiros resgatam mais três pessoas no 21° andar, confirmando-se as declarações de Joel.
14h15 - Dezessete pessoas mortas são encontradas no 12° andar.
14h30 - Mais nove mortos são retirados do 15° andar.
15h - Os bombeiros dão por encerrada a remoção de sobreviventes.
15h45 - Os bombeiros chegam ao topo do edifício, encontrando mais de 20 mortos, na maioria carbonizados.
16h45 - Um padre chega ao topo do Joelma e administra a extrema-unção. A seu lado, policiais, médicos e bombeiros iniciam a remoção e identificação dos cadáveres.
17h - Os bombeiros retiram os dezessete corpos no telhado e descobrem sessenta mortos sob o telhado na ala da Rua Santo Antônio e mais trinta e cinco sob a cobertura da ala voltada para a Avenida 9 de Julho. Os carros são retirados das garagens do edifício.
17h30 - Carros-guincho chegam ao local para auxiliar na limpeza da área.


Personagens


A ampla cobertura da imprensa tirou do anonimato muitas das vítimas do incêndio e pessoas envolvidas diretamente nas operações para seu salvamento. Diversos veículos de comunicação reproduziram seus relatos e histórias da tragédia, que reunidos ajudaram a reconstruir os momentos dramáticos do incêndio.
Capitão Hélio Barbosa Caldas - Comandante do Serviço de Salvamento do Corpo de Bombeiros, um veterano de muitos incêndios e coragem que ele mesmo acreditava próxima da loucura, rodopiou longos minutos preso a uma corda de 12 metros pendente de um helicóptero, na tentativa de repetir o feito de há dois anos, quando foi o primeiro a descer no terraço do Edifício Andraus para organizar o salvamento dos refugiados. Não foi possível, pois o pequeno helicóptero da FAB não teve condições de se aproximar do prédio, o qual não contava com heliporto. Portanto, teve de providenciar a colocação de um cabo, ligando o terraço do Joelma ao Edifício Saint Patrick, na rua Santo Antonio, para finalmente chegar ao terraço. Faleceu a 20 de junho de 1999.
Joel Correia - Instalado com seu telescópio numa das extremidades do Viaduto do Chá, comunicou à rádio Jovem Pan a existência de sobreviventes no edifício, mesmo com o incêndio dominado e os pilotos de helicóptero não avistando mais feridos a serem resgatados. Foi o responsável pelo fim do pavor em que se encontravam José Ferreira Couto Filho, Ivan Bezerra, Ibar Rezende, Mauro Ligeli Filho, Hiroshi Shimuta e Luiz Carlos Gonzalez. Ele tinha ido visitar um amigo, o gerente da construtura Ferreira Guedes, no 31° andar do edifício Conde Prates. Com o início do incêndio, passou a acompanhar a operação de salvamento com um telescópio. Ao ouvir no rádio a informação de que não havia mais ninguém no prédio, entrou em contato com a Jovem Pan e a informação chegou ao comandante do Corpo de Bombeiros que deu o alarme. O comandante ligou para o escritório onde Joel estava, e ele orientou a localização dos seis homens, no 20° andar, usando o telescópio. Mais tarde o comandante do Serviço de Salvamento do Corpo de Bombeiros reconheceu a ajuda, afirmando que as vítimas estavam realmente vivas e foram salvas.
Idek Butchi - 34 anos, nissei, sobrevivente do incêndio anterior no Edifício Andraus, não só salvou a sua vida como também evitou a morte de mais sete pessoas. Ficou na sacada do 22° andar durante quase cinco horas orientando e acalmando aos que se encontravam com ele, pois esse foi o seu principal ensinamento de sua primeira experiência quando foi salvo por um helicóptero da FAB. Estava no Departamento de Produção e Ações, da Crefisul, no 17° andar, quando ouviu os primeiros gritos. Pensou em descer rapidamente, mas percebeu que o fogo vinha debaixo para cima. Então, começou a subir as escadas e quando chegou ao 22° andar, percebeu que não dava mais para prosseguir. Segundo ele, duas pessoas tentaram descer para o andar inferior, mas ele as convenceu de que isso iria provocar a morte para eles. E todos ficaram incentivados por uma placa escrita Coragem, nós estamos com vocês!mostrada por pessoas que estavam no asfalto. Às 14h20 todos foram resgatados e seguiram para o Hospital Municipal. Embora sem quase poder falar, os oito comemoraram o salvamento dentro da ambulância com abraços e lágrimas.
Rolf Victor Heuer - Gaúcho, então com 54 anos, passou mais de três horas sentado em um dos parapeitos do edifício esperando para ser resgatado. Enquanto aguardava fumava vários cigarros, e sua imagem de aparente tranquilidade foi captada pelas câmeras dos noticiários de televisão e amplamente reproduzida. Antes de ser salvo, ainda conseguiu subir ao 19° andar, onde acalmou uma mulher que ameaçava se jogar de uma janela. De terno e gravata, dono de uma calma absoluta, ficou em pé do lado de fora do edifício, perto de uma janela. De vez em quando secava o suor do rosto com um lenço. A certa altura o Capitão Caldas, pendurado por um cabo, que por sua vez pendia de um helicóptero, aproximou-se para salvá-lo, mas não conseguiu. Alguns minutos antes de ser resgatado, não aguentou mais o calor e tirou o paletó, a gravata e a camisa. Não se perturbou um só instante, mas quando pisou o chão, começou a chorar. Levou 25 minutos para descer a escada Magirus até chegar à rua.
José Roberto Viestel - Gerente do estacionamento do edifício, estava em casa quando foi acordado com a notícia do incêndio. Tentou chegar ao local e, impedido pelo trânsito caótico, deixou as chaves de seu carro com um guarda e seguiu a pé. Lá chegando, ajudou os manobristas na retirada dos veículos guardados para evitar o risco de mais explosões, e quando as mangueiras dos bombeiros começaram a falhar providenciou as do estacionamento, que ele mesmo testava uma vez por semana, para o combate ao fogo.
Augusto Carlos Cassaniga - Sargento do Corpo de Bombeiros. Pulou de uma altura de quatro metros de um helicóptero sobre o telhado, quebrando as telhas de amianto e o tornozelo. Conseguiu fixar uma corda no telhado e a lançou até o prédio vizinho, por onde atravessaria o capitão Hélio Caldas, que já tinha sido herói no incêndio anterior do Edifício Andraus.
Celso Bidinguer - 22 anos, estava no 16° andar quando se refugiou no banheiro com outras seis pessoas. Todas as que estavam com ele morreram, mas Celso conseguiu salvar-se porque ao ver da janela do 13° andar, sozinha e amedrontada, a funcionária Tarsila de Souza, que ameaçava se jogar. Ao se aperceber do risco, decidiu salvá-la. Ele amarrou um pedaço de cortina, que levara para o banheiro, na janela e pelo lado de fora do edifício conseguiu descer três andares até chegar junto a Tarsila, com quem ficou mais de duas horas à espera de socorro, vendo as pessoas se jogarem. A escada dos bombeiros só chegava até o 12° andar, portanto, os dois tiveram que descer por cordas. Ambos sobreviveram.
René Contieri - 56 anos, gerente administrativo da Crefisul, conseguiu evitar que algumas pessoas se matassem, simplesmente mantendo o sangue frio e observando a lógica elementar de que, jogando-se pelas janelas, eliminariam qualquer possibilidade de sobrevivência. Estava no 12º andar, quando recebeu o alerta do detector de fumaça. Ao invés de descer, subiu para pegar o paletó e alguns documentos importantes. No meio do caminho, ainda encontrou com o eletricista que tentava consertar a fiação. Só deu tempo de pegar seus pertences e avisar as nove meninas que trabalhavam no andar para que descessem. Mas a labareda já tomava conta da escada. Recuaram e conseguiram se proteger do lado de fora da janela, em uma laje de dois palmos de largura. O vidro protegia do fogo. Por sorte, o vento estava contra e a janela não estourou. Só faltava a eles a chegada dos bombeiros. Por ser um grupo grande, foi o primeiro a ser resgatado. Cavalheiro, desceu a escada Magirus depois das moças. Faleceu aos 93 anos a 18 de abril de 2010.
Benedito Ferreira França - Fazia uma visita a um amigo que trabalhava no banco Crefisul quando começou o incêndio. Conseguiu descer três andares carregando uma moça. Declarou que quando passou pelo corredor viu várias pessoas encostadas na parede e apenas rezando, sem fazer nada. Queimado nos braços e no rosto e cansado de levar a moça, desmaiou e acordou apenas no hospital.
Antonio Carlos Capobianco - Atribui a sua sobrevivência ao karatê. O mineiro alegou que a filosofia da luta marcial o ensinou a encarar tudo, mesmo a morte, com naturalidade, embora se deva aproveitar todas as oportunidades para viver. Ele aconselhou os circunstantes a não falar muito para não desperdiçar oxigênio. Foi resgatado com mais cinco rapazes no 21° andar.
Carlos Trafaniuc - 23 anos, salvou-se descendo dois andares pendurado em cortinas.
José Flávio Gouveia - Chegou atrasado ao serviço, às 9 horas, quando o fogo já havia começado. O atraso pode lhe ter salvado a vida. Horas depois, no Hospital Municipal, doou sangue para os feridos.
Nílton Antonio de Oliveira - Estava na tesouraria do banco Crefisul, no 13° andar, com mais onze colegas. Todos ficaram espremidos numa marquise por mais de duas horas, mas conseguiram se salvar.
João Alberto Moretti - Se notabilizou nas filmagens do incêndio por ter escalado a marquise e descido do 17° andar até o 12°. Neste, aguardou até que fosse encostada a escada Magirus. Feriu-se apenas levemente e foi levado ao Hospital das Clínicas.
Vítor Manoel Gonçalves Teixeira - Liderou um grupo de nove pessoas quando a permanência na sala do 13° andar em que trabalhavam ficou impossível. Ele abriu o banheiro, quebrou os vidros da janela e, quando a água das torneiras havia esgotado, e já estavam se confortando mutuamente, surgiu uma escada Magirus a 25 centímetros de suas mãos.
Deise Previato - Assessora jurídica da Crefisul. Salvou-se por conta do rompimento da rotina. Ao invés de chegar às 8h30, chegou uma hora mais tarde, quando o fogo já havia começado. Viu a secretária do seu chefe, Linda Passaro, saltar para a morte da Avenida 9 de Julho. O chefe, Attilio Corigliano Jr., era procurado pela mulher, Elizabeth, em vão.
José Gomes Ferreira - 49 anos, motorista de táxi e ex-bombeiro. Parou o carro no momento do incêndio e com boa vontade, sem camisa e com um lenço encharcado cobrindo o rosto, ajudou os seus ex-companheiros de profissão no socorro às vítimas.
Rodolfo Manfredo Júnior - 20 anos. Estava datilografando em um escritório do 21° andar quando soube do incêndio. Subiu com dezenas de pessoas para o terraço do prédio, pois os elevadores já não mais funcionavam. Havia cerca de duzentas pessoas comprimidas e aterrorizadas. Ele conta que viu várias se jogarem, outras tirarem a roupa, pois não suportavam mais o calor, além de cerca de trinta que se contorciam em chamas. Ele conta que teve que dar tapas na cara de alguns que pareciam paralisados, incitando-os a se salvarem. Quando a situação ficou mais dramática surgiu um helicóptero da FAB que pairou no terraço. Rodolfo pulou e agarrou-se à aeronave. Ficou com as pernas ao ar, mas foi salvo ao ser puxado para dentro.
José dos Santos - 20 anos, residente no Jardim Peri, foi o penúltimo funcionário da Crefisul a ser resgatado e salvo pelos bombeiros. Estava no 18° andar quando ocorreu o incêndio e foi para a janela, onde teve que esperar por cerca de quatro horas. Para resgatá-lo os bombeiros tiveram que estender a escada de 45 metros até o 12° andar e prosseguir depois com uma pequena até o 16° andar. Depois, o próprio José amarrou uma corda nas travas da janela e desceu do 18° ao 16° andar, chegando então à escada dos bombeiros numa operação que durou meia hora.
João Aparecido Frutuoso - 24 anos, analista de contas do Banco Crefisul, tinha organizado o grupo que deixou o 15° andar improvisando cortinas para a descida até o 13°, de onde todos passaram à escada com a ajuda dos bombeiros. Ele conta que viu muita gente cair do patamar do 14° andar, além de muitos que perderam os sentidos por conta da inalação da fumaça. Ficou com as mãos e pés queimados.

Consequências


A parte do edifício que compreendia os escritórios da Crefisul foi totalmente destruída, mas estava segurada na Companhia Seguradora Santa Cruz. Os sete primeiros andares, de garagens, não foram atingidos pelas chamas. Essa parte, administrada pela Joelma, formava um bloco quase isolado do restante do edifício, tendo portas de emergência e de interligação. Todos os dezessete empregados do estacionamento se salvaram. Dos aproximadamente 756 ocupantes do edifício, 191 morreram e mais de 300 ficaram feridos. A grande maioria das vítimas era formada por funcionários do Banco Crefisul de Investimentos.
Segundo o vice-presidente do Crefisul, Garrett Bouton, 1.016 funcionários trabalhavam no edifício. Desse total, 861 ficavam nos andares superiores à garagem e cerca de 600 já haviam chegado quando o incêndio começou. A firma de limpeza Continental tinha 77 funcionários no prédio.


Até as 18 horas do dia da tragédia 125 dos 179 mortos no incêndio do edifício Joelma já tinham sido retirados do Instituto Médico Legal depois de identificados por parentes e amigos. Restaram 54 corpos, dos quais 12 identificáveis e o restante completamente carbonizado. Em 30 horas, do meio-dia até às 18 horas, aproximadamente 8 mil pessoas foram ao local, no bairro de Pinheiros, para reconhecer os cadáveres. O ambiente era de tristeza e até os funcionários não conseguiam esconder a emoção. Cinco mulheres desmaiaram enquanto faziam a identificação. O IML comprou 200 caixões e 50 coroas de flores para facilitar a retirada dos corpos. 


As vítimas foram colocadas no chão de quatro salas e pela manhã já exalavam um mau cheiro que os funcionários tentaram aliviar colocando incenso. O secretário dos Serviços Municipais, engenheiro Werner Zalouf, afirmou que cerca de 30 pessoas que morreram no incêndio e permaneceram no prédio não foram identificadas. 


Acredito que o calor durante o incêndio tenha superado 900 graus e nessa temperatura um corpo fica totalmente destruído, restando no máximo um quilo e meio de cinzas. A água que os bombeiros jogaram pode ter transformado tudo em lama.
A tragédia do Joelma, que ocorreu apenas dois anos após o incêndio do Edifício Andraus, reabriu a discussão popular com relação aos sistemas de prevenção e combate a incêndios nas metrópoles brasileiras, cujas deficiências foram evidenciadas nas duas grandes tragédias. Na ocasião, o Código de Obras do Município de São Paulo em vigor era de 1934, um tempo em que a cidade tinha 700.000 habitantes, prédios de poucos andares e não havia a quantidade de aparelhos elétricos dos anos 70.


A investigação sobre as causas do acidente, concluída e encaminhada à justiça, em julho de 1974, apontava a Crefisul e a Termoclima, empresa responsável pela manutenção elétrica, como principais responsáveis pelo incêndio. Afirmava que o sistema elétrico do Joelma era precário e estava sobrecarregado. Além disso, os registros dos hidrantes do prédio estavam inexplicavelmente fechados, apesar do reservatório contar na ocasião com 29.000 litros de água.
O resultado do julgamento foi divulgado a 30 de abril de 1975. Kiril Petrov, gerente-administrativo da Crefisul, foi condenado a três anos de prisão. Walfrid Georg, proprietário da Termoclima, seu funcionário, o eletricista Gilberto Araújo Nepomuceno, e os eletricistas da Crefisul, Sebastião da Silva Filho e Alvino Fernandes Martins, receberam condenações de dois anos.
Após o incêndio, o prédio ficou interditado para obras por quatro anos. Com o fim das reformas, em outubro de 1978, foi rebatizado edifício Praça da Bandeira.

Repercussão na mídia



Pouco depois da tragédia, uma pequena produtora norte-americana produziu o curta-metragem Incendio, contando as causas e consequências do fogo, utilizando técnicas de animação gráfica e imagens da cobertura da imprensa.
Em 1978, foi lançado o filme norte-americano Catastrophe, um documentário de Larry Savadove, narrado por Willian Conrad, o qual versava sobre tragédias mundiais conhecidas, entre elas, a do edifício Joelma.
Em 1979, foi rodado o filme Joelma 23º Andar, baseado no livro Somos Seis, do médium Chico Xavier, no qual é narrada a história de uma moça que morreu no incêndio chamada Volquimar Carvalho dos Santos. Contudo, no filme ela era intitulada Lucimar. O papel da protagonista foi interpretado por Beth Goulart.
A 30 de junho de 2005, o programa Linha Direta, da Rede Globo, exibiu o quadro Linha Direta Mistério, cujo tema era o edifício Joelma.


A 5 de julho de 2008 foi transmitida no Jornal da Record uma reportagem da série Bombeiro: Herói de Todos que relembrou o acontecimento, mostrando várias cenas e o difícil salvamento. Nessa mesma reportagem foi abordado o incêndio do Edifício Andraus, ocorrido em 1972, o desastre do Bateau Mouche, barco que afundou na Baía de Guanabara, a 31 de dezembro de 1988, além da queda de parte do Elevado Paulo de Frontin, o qual desabou sobre carros e ônibus em 1971, matando mais de 40 pessoas.

Edifício Joelma, 2012

Hoje, mais de 30 anos passados da tragédia (lembremos que, na medida em que o conhecemos, não existe o "tempo" na Eternidade), o Joelma acha-se reformado e já dotado de sistemas de segurança contra fogo - segurança de que na época do sinistro não dispunha - como também mudaram o seu fatídico nome para "Edifício Praça da Bandeira". Algumas empresas e escritórios estão atualmente lá estabelecidos, mas são poucas as firmas que se atrevem a tanto. Muitos do seus enormes andares estão desocupados e solitários! Não só pela repercussão da horrível tragédia que até hoje o persegue e da fama ao prédio de ser "amaldiçoado", como também pelas coisas horríveis e sobretudo assustadoras que acontecem lá por dentro:


Sem qualquer dúvida, existem ao nosso redor e também atuando em todo o mundo, forças e energias que desconhecemos. E não se trata de mera imaginação dos protagonistas dos fatos insólitos que se desenrolam no atual Joelma! De vez em quando, o ambientes se tornam intensamente gélidos - um frio apavorante e sem qualquer explicação lógica que surge do nada. Espectos surgem diante das pessoas, chamam por seus nomes e até mesmo são revelados nas fotografias tomadas lá por dentro. Fortes correntes de ar, gemidos apavorantes, vozes estranhas, gritos e pedidos de socorro são ouvidos naqueles ambientes mais desertos - e até mesmo naqueles ocupados! Muitos empregados do edifício, justificadamente apavorados, já pediram demissão exatamente por esses motivos. E até nas garagens muitos motoristas e entregadores de mercadorias já foram "postos para correr" diante dos "vultos" e das assombrações que subitamente os cercam. Como se poderia explicar isso? (a imagem acima é meramente ilustrativa)


Na foto acima, uma imagem real, tomada durante as filmagens de um longa metragem sobre a tragédia rodado alguns anos mais tarde no interior do Joelma, ou Praça da Bandeira. Veja o que surgiu na revelação, bem no lado direito da cena!


E reveja na correspondente ampliação, submetida a dois reforços de imagem. Alguns setores da Parapsicologia diferenciam "fantasmas" daquilo que denominam "espíritos". Um "fantasma" seria uma personalidade dilacerada (geralmente causada por uma memória emocional sobrevivente das pessoas que morreram tragicamente, não tendo consciência da própria morte), que teima em permanecer no ambiente da anterior existência, ligada ao local onde efetivamente morreu - quase sempre através de uma morte violenta. Incapaz de raciocinar por si próprio, repete os movimentos finais da sua morte, um ato "inacabado" para ela, até que isso se transforme em uma espécie de obsessão. Estão mergulhados em um tipo de "limbo", uma sombria escuridão. Já o"Espírito" seria uma entidade que tem plena consciência da sua transição, sendo plenamente capaz de continuar uma existência na dimensão seguinte, podendo "sentir" e agir. De qualquer forma, AMBOS se utilizam da energia os vivos para se manifestarem! São argumentos até bastante lógicos, mas, por outro lado, não devemos desprezar uma outra hipótese: A MEMÓRIA DA NATUREZA! Tudo aquilo que nos cerca, mesmo as coisas materiais - tais como os mais diversos objetos e até os lares - guardam nas suas moléculas atômicas os registros, por assim dizer, dos fatos mais marcantes e dramáticos que nas suas proximidades e nos seus próprios ambientes se desenrolaram - uma fantástica inteligência. A Psicometria, por sinal, é a moderna Ciência que estuda isso! E principalmente nos ambientes onde coisas muito "fortes", tais como crimes, tragédias e assim por diante, se sucederam, essas "memórias" dramáticas, como se fossem um breve filme, por vezes afloram se fazendo visíveis às pessoas mais psiquicamente bem preparadas e desenvolvidas. E para tentar bloquear esse tipo de manifestação nada adianta - seja reformar, pintar, modernizar ou mesmo exorcizar!


Há, porém, um estonteante e além de tudo insolúvel mistério na tragédia do Joelma. Durante o desespero das infelizes vítimas aprisionadas em meio ao fogo e ao calor infernal, treze pessoas fizeram aquilo que jamais se faz durante um incêndio: tentaram escapar por um elevador! Logicamente, o sistema parou repentinamente de funcionar deixando-as sem qualquer defesa e presas a uma enorme altura, em uma armadilha mortal. Horrivelmente carbonizados, os treze corpos, encontrados unidos em um último abraço, foram posteriormente retirados daquele "forno" maldito e jamais puderam ser identificados, não somente dado ao estado em que se encontravam - horrivelmente carbonizados - como também pelo estranhíssimo fato de NINGUÉM ATÉ HOJE OS TER RECLAMADO! Todos foram enterrados em covas separadas e lineares, recebendo popularmente o nome de AS TREZE ALMAS DO JOELMA. Contudo, desde a época do sinistro, em 1974 e portanto já passados mais de 30 anos, algo muito estranho acontece no Cemitério São Pedro, situado no bairro paulista de Vila Alpina: estranhos gemidos, gritos de dor, pedidos de socorro, assombravam os visitantes e até mesmo os funcionários daquele cemitério! 

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Não tardou muito até que se descobrisse a estranha fonte desses apavorantes sons: exatamente as 13 lápides das vítimas não-identificadas do Joelma! Curiosamente, quando se coloca ÁGUA sobre cada uma delas, e NÃO nas flores que as cercam, o sons cessam - como se entidades sobrenaturais, vivendo em um limbo surrealista e paralelo, ainda se lembrassem da sua horrível morte e desesperadamente precisassem do benéfico resfresco das emanações da água para minorar a sua dor! (FOTO: © Globo.com)


Logo o povo - como sempre esperto, interesseiro e atento a essas coisas - começou a fazer "barganhas", assim "alimentando" a sofrida existência dessas entidades. As pessoas pedem a elas (e conseguem!) milagres dos mais diversos, sempre em troca da..... Colocação de água sobre os túmulos! Muito melhor fariam se, através de um gesto verdadeiramente Cristão e piedoso, fizessem preces de esclarecimento para que elas finalmente pudessem se libertar dos grilhões da terra e pudessem seguir em paz o seu caminhar evolutivo em direção à Luz, já enfim redimidas do seu pesado e doloroso Carma. (FOTO: © Globo.com)


MAS.... Há ainda uma outra estranha circunstância, possivelmente concorrente para a horrível tragédia do Joelma. Na foto acima, proveniente dos arquivos da Polícia do Estado de São Paulo, você vê a antiga residência do Professor Paulo Ferreira de Camargo, da USP (Universidade de São Paulo), o qual no distante ano de 1948 inexplicavelmente premeditou e friamente executou a morte da sua própria mãe e das duas irmãs sem qualquer motivo aparente!


O professor (foto da direita, publicada em um jornal da época) contratou operários para escavarem um profundo poço no seu quintal. Logo fez o "serviço sujo" e dentro dele jogou os três corpos das suas familiares. Não tardou muito, porém, a todos os vizinhos e demais familiares darem por falta das três mulheres e a Polícia começou a fechar o cerco na suas investigações, as quais levavam diretamente ao tal professor como o suspeito número-1 e culpado em potencial.


Tudo teria dado certo não fosse algo bastante estranho que começou a ocorrer: o professor começou a ser atormentado pelas visões dos fantasmas das três mulheres que passaram a assombrar a casa, e somente ele as via! Certo dia, com policiais presentes na sua casa, estes já suspeitando do que continha no poço, o professor apresentava os seus álibis quando subitamente um fogo infernal surgiu no recinto: a luz de uma vela aumentou exageradamente como se fosse causar uma explosão no recinto! A partir daí, as visões fantasmagóricas das mulheres começaram a cercar o professor que, desesperado, correu para um ambiente contíguo e na presença dos policiais desferiu um tiro na cabeça, pondo fim à sua atormentada existência.


Logo depois, os corpos decompostos das três mulheres foram encontrados pela Polícia no fundo daquele poço (fotos). Quatro mortes sem qualquer razão aparente, a não ser, talvez, um estranho acesso de loucura do professor que era tido como uma pessoa séria e bastante equilibrada. O TELURISMO, isto é, as correntes negativas que comprovadamente circulam no nosso subsolo, por vezes aflora em certos "ponto negros" - notórios pelas ocorrências dos acidentes de trânsito, sempre com mortos e feridos; das tragédias mais diversas; das casas doentias; das perturbações psíquicas nos seres humanos; dos fenômenos Poltergeists, e assim por diante. E por falar em Poltergeist, a causa do repentino incêndio no Edifício Joelma foi atribuída a uma estranha sobrecarga elétrica que estranhamente não pôde ser interrompida nem mesmo desligando-se a chave de força, tal como assim o fez um funcionário de uma firma tão logo detectou o problema. O seu extintor forçosamente deveria ter sido capaz de deter o fogo logo no seu início, o que também não aconteceu..... Um sintoma bastante claro do fogo que surge do nada e se torna incontrolável - fenômeno tipicamente associado ao telurismo e conhecido como POLTERGEIST! Estranho? SIM, mas trata-se de um fenômeno real que a Ciência não consegue explicar! Mas, voltemos ainda à casa amaldiçoada do professor assassino. Depois daqueles bárbaros e cruéis crimes que tiveram grande repercussão a tal casa foi evitada, ficou conhecida como"mal assombrada", e ninguém mais a quis habitar - nem mesmo os herdeiros e os sucessores do tal professor! O tempo passou e ela, abandonada, foi finalmente vendida e demolida. E qual teria sido mesmo o endereço dessa casa?.....


..... Precisamente, Avenida Nove de Julho, 225 - O MESMO LOCAL ONDE, EM 1972, FOI CONSTRUÍDO O FATÍDICO EDIFÍCIO JOELMA!!!